Um Viajor no Tempo - I
   
    O tempo, como o entendemos linear e marcadamente contínuo, não existe, embora haja controvérsias desde o início dos tempos. Este último paradoxo é natural no raciocínio evolucionista, mas, como a ciência é incipiente nas questões esotéricas, fico com a primeira premissa. E isto é uma promessa. A partir desta promessa, ou premissa, eu afirmo, para todos os efeitos e até mesmo os especiais, ter feito viagens no tempo.
    Há alguns anos venho estudando e praticando o ocultismo por conta própria, isto é, sem patrocínios e utilizando a minha própria conta bancária. Certo de que toda busca deve ser solitária, optei por não solicitar financiamentos para a conclusão de meu curso transcendental. Até porque, sob esta alegação, os empréstimos me seriam negados e eu ainda correria o risco de ser internado em um manicômio. Em todo caso, a inestimável vantagem que pode oferecer um programa de ocultismo é a sua garantia de deixar-nos ocultos!
    Assim, na qualidade de autodidata e cercado por uma literatura exorbitante de teses e teorias, lancei-me à prática.
Os exercícios esotéricos ampliaram de tal forma a minha visão interior que não tardei a enxergar as minhas próprias vísceras. Não fosse o diafragma suportar tal ordem de pressão e o meu coração teria desabado sobre o estômago.
    Mas como são os resultados que importam, todos os sacrifícios foram entendidos como válidos, inclusive o sacrifício de treze sapos e vinte e sete gatos. Contudo, devido a ausência de estudos específicos no controle sobre a determinação das datas para as ‘aterrissagens’ no tempo e espaço, as minhas aparições no passado têm-se dado de forma completamente aleatória, o que constitui, à minha revelia, resultados no mínimo surpreendentes.
    Este livrinho destina-se ao relato dessas minhas viagens. Outras narrativas virão com o aperfeiçoamento dos exercícios, talvez com datas pré-determinadas.
    Ainda, é preciso destacar o fato de que em meio ao ‘transe’ turístico de minha empreitada na linha do tempo, e levando-se em conta tratar-se de locomoções por intermédio do corpo astral, a minha presença física torna-se inexistente aos olhos da realidade visitada. Quando muito, pude notar nos personagens ‘tocados’ por minha energia a mesma sensação que vivenciamos quando visitados por entidades oriundas de outra dimensão, ou seja, uma reação natural com um leve eriçar de pelos.
    Então, vamos viajar?
                                          
Continua...