Galhos e espadas
- Oi, tudo bem?
- Tudo e você?
- Vou levando...
- O que é isso na sua cabeça?
- Isso? Ah, são galhos...
- Galhos?
- Sim, galhos. Herança do meu último relacionamento...
- Puxa...
- Liga não. No início era difícil ter que me abaixar em cada porta que passava, agora já me acostumei. Achar um travesseiro também não foi fácil...
- Fica triste não, me dá um abraço.
- Tá.
- Ai!
- O que foi?
- Alguma coisa me espetou...
- Ah, é só a pontinha da espada....
- Espada?
- Sim, a espada que levo cravada no peito. Herança do meu último relacionamento...
- Puxa...
- Liga não, já me acostumei.
...
- Quer ir no baile de Carnaval comigo?
- Claro, será um prazer.
- Mas não tenho fantasia...
- Vai vestido de Tyrone, aquele alce do desenho infantil...
- Legal, e você pode ir fantasiada de zumbi, morta-viva...
- kkkkkkkk
- Combinado!
...
- Sabia que eu te achei linda assim de morta viva?
- E sabia que eu estou morta de vontade de agarrar você?
- Com essa ponta de espada aí melhor agarrar outro...
- Para! Por isso tá com esses galhos aí...
- Puxa, assim você corta meu coração. Vem aqui me agarrar então.
- Tá bom, vou quebrar seu galho.
- Hmmmmm.... Tá bem mais viva que morta...
- Agora para de falar...
...
E assim foram se envolvendo e estão juntos até hoje. Pensaram em fazer uma cirurgia para retirar os galhos e a espada, mas já estavam tão afeiçoados que acharam melhor continuar assim.
Ela resolveu decorar os galhos dele com orquídeas, ele todo dia lustra a espada até ficar brilhando e aproveita para tirar uma casquinha dela também.
E assim vão seguindo pela vida, com suas feridas e cicatrizes, seus galhos e espadas, felizes como nunca.