Nós e eu - Quarta parte

O tempo passava, Lucy conquistava cada dia mais o coração de seus irmãos, com histórias surreais sobre a grande criação de seu pai, ensinava a todos o conceito de música, algo que ela havia criado e aperfeiçoado, em pouco tempo a fazenda já tinha sua própria orquestra.

Miguel não se incomodava com aquilo, sabia que Lucy tinha boas intenções, por mais que suas viagens tivesse em sua visão, prejudicado o bom senso da garota, mas permaneciam em paz:

- Eu quero te mostrar uma coisa. - Disse Lucy para Gabi, que já sabia o que esperar daquilo.

- Eu quero ver. - Disse Gabi fitando a irmã.

E por três agitadas manhãs consecutivas, as duas garotas haviam sumido completamente de toda a fazenda:

- Confie nelas Miguel, nada de ruim pode ter acontecido. - Porém Miguel se preocupava.

- Não sei o que Lucy convenceu Gabi de fazer, não sei o que ela quer provar para mim. - E estava sendo honesto, Miguel nunca entendeu as ambições de Lucy.

Boatos corriam por toda a fazenda, enquanto aravam as terras os de casta mais jovens discutiam o que Lucy estaria fazendo, Azazyel, que adorava a estrela brilhante dizia para confiarem nela, que qualquer que seja a mudança que Lucy trouxesse era para seu bem.

No jantar da terceira manhã que estavam desaparecidas, Miguel e Yekun conversavam seriamente:

- Confio em seu julgamento Yekun, você seria meu braço direito caso algo acontecesse a Gabi, Rafael é jovem demais da cabeça. - Dizia cansado Miguel.

- Lucy tem a cabeça jovem igualmente, mas vejo nela muito de você Miguel. - Disse o sábio ao amigo, que ouviu atentamente.

Foi pouco antes da quarta manhã que Lucy retornou, com Gabi ao lado, tão esplendida quanto a irmã, com asas e cabelos dourados reluzentes:

- O que houve? - Perguntou Rafael, o primeiro a ver as irmãs retornando.

- Lucy está certa sobre tudo Rafael, somos um pequeno grão no universo de nosso pai. - Disse Gabi, com a voz e as vestes estrondosos.

Todos se ajoelharam para receber as duas irmãs que flutuavam num bater de asas até o palácio, onde Miguel esperava sério:

- Entrem, você ganhou o direito de ser ouvida Lucy. - Disse Miguel recebendo as duas estrelas.

Lucy contou a eles tudo que acontecera, como florescera ao descobrir o imenso universo, uma obra de arte do pai de todos eles.

Miguel num suspiro aceitou e não confrontou as opiniões da irmã:

- Podemos todos florescer? - Perguntou Miguel fitando curioso as duas.

Lucy balançou a cabeça positivamente.

- Mostre tudo para que viu. - Disse enfim Miguel.

E ele, Lucy, Rafael e Gabi saíram juntos, e por algum tempo ficaram fora.

Yekun ficou responsável pela colheita e os frutos, e por muito tempo enquanto os quatro estavam fora, foi ele o responsável por toda a fazenda, os mais novos e os mais velhos aguardavam curiosos e esperançosos a volta deles, e ninguém ousou se aproximar do palácio ou da cabana.

E assim foi, durante milênios, escrituras tomaram formas pelas mãos de Yekun, afim de nunca esquecer dos quatro irmãos que partiram há muito, ensinou os mais velhos a ler aquelas escrituras, e depois de um tempo ensinou aqueles a ensinarem outros, assim passando por todas as gerações, que nunca esquecem da promessa da volta dos irmãos.

Um bilhão de anos se passou, Yekun nomeara Azazyel, Samael, Samyaza e Kesabel como seus legítimos, e juntos descobriram o trono dentro do palácio, o trono que apenas o maior de todos, o pai de todos deveria se sentar, o trono que simbolizava o maior poder e graça, e não ousaram sentar-se ali, por mais que os quatro se torna-se uma lenda, um mito.

Porém chegou o dia, em que o céu se acendeu de uma forma nunca vista, quando os quatro jurados retornaram até sua casa, acesos em chamas, liderados por Miguel que portava uma espada flamejante como os olhos, desceram com frutos dourados em mãos, prometendo acender todos aqueles que quisessem:

- Todos se tornaram estrelas. - Disse a voz de trovão do rei Miguel.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 27/05/2016
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