Echoes - Capítulo 4

O relógio marcava 00h15, Lívia sentiu que Tom estava demorando demais no banheiro e decidiu ir procura-lo.

Olhou de relance no banheiro masculino e percebeu que não havia ninguém ali, deu uma varrida rápida com a vista no bar e nada do amigo.

Caminhou até a porta de saída, percebeu que estava chovendo muito, andou abriu a porta e olhou em volta.

Nesse momento sentiu um calafrio que correu por toda sua espinha fazendo-a estremecer, lembrou que sua vó dizia que sentíamos isso toda vez que éramos tocados por um espirito, e riu.

Capítulo 4 - Tempo.

00h16 quando olhei para meu relógio, que estava imóvel agora.

Recobrando a calma da experiência que estava vivendo:

- Recebi da mesma forma que estou lhe passando, e você irá passa-la um dia da mesma forma que estou fazendo agora. - Disse sério o professor.

O tempo ainda estava parado, eu fitava o professor sério:

- Então ela é minha? - Perguntei.

Ele tocou a mini alavanca de madeira novamente, o relógio brilhou da mesma forma que anteriormente, fazendo tudo voltar ao normal.

Senti o peso da chuva voltando, por alguns segundos ela parecia mais pesada e acelerada, mas talvez foi só uma impressão:

- Preciso lhe passar todas as instruções antes de passa-la para você. - Disse o professor. - Volte para dentro do bar e se despeça de seus amigos, você vem comigo agora... Amanha eu viajo então temos pouco tempo.

Arregalei os olhos, ainda estava em um pequeno estado de choque:

- Ok. - Respondi nervoso voltando para o bar.

Antes de chegar notei Lívia na porta do bar olhando dos lados:

- Ei, ai está você. - Disse feliz agora toda molhada também.

- Sim, meu colega de apartamento veio me chamar, parece que ta vazando o gás do chuveiro. - Não era inteiramente uma mentira, realmente o gás do chuveiro vazava vez ou outra. - Eles precisam de mim lá, ele voltou correndo já.

Ela enrugou a testa, pensou um pouco e pareceu acreditar no que eu havia dito:

- Você precisa ir então? - Perguntou.

Eu ficava desconfortável de deixa-la ali, porém o que eu acabei de presenciar... Eu realmente queria ver mais daquele relógio mágico:

- Preciso ir... - Disse, ela se aproximou.

Ficamos perto um do outro e nos beijamos, cada vez era como a primeira.

Eu estava dividido mas corri de volta para o beco enquanto ela entrava no bar:

- Pronto. - Disse para o professor.

Ele olhou o relógio de madeira, pensou um pouco:

- Onde você estava Quarta-feira na última aula, as 21h30, depois de eu entregar o T.C.E para a classe? - Perguntou o professor.

Pensei um pouco, lembro que depois de receber o T.C.E beijei a Lívia pela primeira vez, ela me deu o colar... Ficamos um tempo juntos, depois não consigo me lembrar rápido assim:

- No campus, mas não assisti a última aula. - Disse.

Ele sorriu:

- Perfeito. - Encostou a mão esquerda novamente no meu ombro, olhou para o relógio, fechou os olhos e disse. - Me encontre na sala dos professores.

Franzi a testa.

O brilho azul foi intenso e num piscar de olhos eu estava sentado no pátio, sozinho com o colar da Lívia nas mãos, a noite estava agradável, nada como a chuva da onde saí, eu estava seco e com outra roupa.

Olhei em volta, as pessoas agiam normalmente, como se nada tivesse acontecido, olhei no meu relógio.

21h31.

"Pera, mas agora mesmo era 00h20", pensei confuso.

"Nós... Nós realmente voltamos no tempo?"

Arregalei os olhos e meu coração acelerou.

Naquele momento senti aquela mesma sensação de quando meu doppelganger estava próximo, a boca amarga e uma leve tontura.

"Me lembro de ter sentido isso, aqui nesse mesmo lugar... Pera, ele perguntou sobre quarta-feira... Então, quarta esse horário o Leo..."

- Sem comentários pra essa questão, eu vou ter que ser honesto com o Paulo, eu mataria o Hitler. - Leo apareceu, sentou sem ser convidado, dizendo as mesmas palavras que disse quarta-feira no mesmo horário. - De uma maneira com que ele não sentisse muita dor.

Eu lembro que quando ele disse isso eu comentei que beijei a Lívia...

Meu deus isso estava mesmo acontecendo?

- Cara você ta bem? - Perguntou Leo.

Recobrei a consciência, precisava agir normalmente:

- Não to muito legal Leo... Acho que to com dor de barriga. - Disse olhando para ele e fazendo uma careta. - Preciso ir ao banheiro.

Levantei e saí correndo para o banheiro.

As pessoas estavam se dirigindo cada um para sua sala, aquilo era bizarro.

Lembro que na quarta-feira a Lívia usava um brinco de apanhador de sonho com uma pena azul, precisava me certificar disso.

Corri até o corredor do curso de Letras a ponto de chegar antes da aula ter começado.

Olhei em volta e procurei a Lívia:

- Tom? - Perguntou Lívia sorrindo. - Sentiu minha falta e veio me procurar já?

Claro, nós acabamos de nos beijar, que merda eu pareço um desesperado agora.

E sim, ela estava com o brinco de pena azul.

Minha pressão caiu drasticamente e eu quase caí, todos perceberam, que vexame:

- Você ta bem? - Perguntou Lívia preocupada.

Balancei a cabeça forte:

- To sim, só não comi nada, eu estou procurando a sala dos professores e me perdi acabei chegando aqui. - Foi a melhor desculpa que consegui inventar.

Por que eu estava sentindo essas tonturas? Talvez efeito colateral da viagem no tempo, somado a fome, emoções fortes e correr despreparado até aqui? Era uma boa teoria:

- A sala dos professores fica no andar de cima, primeira sala a direita. - Disse Lívia preocupada. - Tem certeza que ta bem? Você ta bem pálido...

Ri sem graça:

- Seu beijo que me deixou muito emocionado. - Ela riu com aquilo. - Preciso ir.

Dei um beijinho nela e fui andando até a escada.

Passei a mão no rosto, estava suando frio. "Que merda é essa... Eu preciso de respostas."

Parei um aluno qualquer no corredor, só pra me certificar:

- Que dia é hoje mano? - Perguntei despretensiosamente.

Ele pareceu confuso:

- Dia do mês? - Perguntou.

- Dia da semana.

- Quarta-feira... - Respondeu.

Suspirei:

- Brigado.

Segui andando até a escada.

Isso significava que realmente voltamos no tempo, e eu voltei para o mesmo lugar onde estava... Era confuso demais.

Subi as escadas devagar, a tontura estava passando.

Lá em cima um corredor vazio, sem alunos e algumas portas, olhei a primeira a minha direita "Sala dos professores" e bati na porta:

- Pode entrar. - Disse uma voz familiar.

Paulo estava lá, sentado na mesa com uns papéis, olhou pra mim por cima de um óculos pequeno e voltou os olhos para os papéis:

- Pois não? - Perguntou.

Fiquei confuso demais, como assim "pois não?" será que aquele não era o Paulo que havia voltado no tempo comigo? O que eu deveria falar.

Fiquei parado sem reação, ele riu divertido:

- To brincando, entra ai e fecha a porta. - Disse despretensiosamente.

Obedeci:

- E aí como foi a experiência? - Perguntou o professor se levantando.

- Horrível. - Disse sincero.

Ele riu:

- Imagino, lembro da minha primeira vez também... - Disse nostálgico.

Ele empurrou uma cadeira e eu sentei, ele sentou em frente em outra cadeira:

- Eu mandei só sua consciência pro passado, dessa forma você não teria que tomar as precauções necessárias. - Disse como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

- Minha consciência, o que isso significa? - Perguntei.

- Significa que você está sobrepondo algo que já viveu, eu bloqueei sexta-feira 00h30 e mandei você de volta, pois sábado cedo eu viajo e não teria o tempo necessário pra lhe ensinar a usar a maquina... Creio que três dias seja o suficiente. - Disse rápido.

Eu estava pasmo:

- Eu terei que viver esses três dias novamente? - Perguntei.

- Sim, e não se esqueça de me entregar o trabalho sexta-feira e ir para o bar com a Lívia, são os principais acontecimentos que você deve re-fazer creio eu. - Disse pensando. - Mas depois nos preocupamos com isso.

Ele levantou:

- Vamos dar uma volta pelo campus comigo.

Levantei e segui o professor:

- Bom, basicamente o nosso universo possui quatro dimensões... Não é de fato isso mas por enquanto é o que você precisa saber. - Começou o professor enquanto caminhávamos.

- Largura, cumprimento, profundidade e tempo... - Respondi, ele sorriu.

- Não esperava menos de você. - Disse ele e continuou. - Naturalmente conseguimos nos locomover facilmente nas três primeiras, a quarta dimensão que é um problema.

Franzi a testa:

- A quarta dimensão é diferente das três primeiras, mas é bem parecido com algo que conhecemos já. - Nós saímos do prédio e estávamos próximos a uma fonte que tinha nas costas da faculdade.

Paramos na beira do rio:

- Pense no tempo como um rio, que corre por nós o tempo todo. - O professor tirou um boneco de dentro da bolsa e colocou em pé na beira do rio. - Esse somos nós.

O boneco não se moveu, era de algum material pesado, talvez chumbo:

- O rio passa pelo boneco e o boneco sente o rio passando por ele, o que causa um efeito no boneco. - Disse o professor. - Se eu voltar daqui um ano aqui, devido ao atrito do rio, minerais, devido ao clima também, esse boneco estará desgastado, velho.

Arregalei os olhos:

- Somos o boneco de chumbo, estamos fadados a ficar parado sentindo a quarta dimensão passar por nós, estamos imóveis nela, não avançamos para frente nem para trás, porém o contato direto com ela é o que faz o desgaste natural de todas as coisas. - Disse sorrindo pra mim.

O professor com as mão vestidas com as costumeiras luvas brancas arregaçou a manga do braço direito e desabotoou o relógio do pulso, colocando entre nós dois que estávamos a essa altura sentados na beira do rio:

- Isso nos permite sentir e manipular esse rio. - Disse seco e me encarando.

Olhei para o relógio novamente, como eu nunca havia notado como era bizarro:

- E por que ele passa as horas dessa maneira engraçada, está quebrado? - Perguntei.

- De fato o vidro está rachado, mas nada tem a ver com seu funcionamento. Esse relógio marca a real passagem de tempo, o que chamamos de força de correnteza. - Disse apontando para os três ponteiros que pareciam loucos, hora lentos, hora um pouco mais rápidos, hora parados.

- Então quer dizer que o relógio que usamos normalmente não marca o tempo? - Perguntei.

Ele apontou para o boneco:

- Imagine que esse boneco está dessa forma parado na quarta dimensão, como nós, e que esse boneco pega um conta passo, o boneco fica parado e aperta o conta passo constantemente sempre em determinado momento, esse boneco sabe exatamente quantas apertadas de botão ele consegue fazer durante um dia, logo o boneco acha que dessa forma ele irá contabilizar o tempo. - Disse irônico. - Mas entenda que o boneco de nada sabe sobre o rio que está, ele não imagina o que é esse oceano, não sabe por que ele oscila, ele sente as osciladas mas não consegue determinar sua maré, o boneco é uma vítima do rio mas permanece apertando o conta passos, até o dia de sua morte.

Eu engoli seco, nós éramos esse boneco:

- Veja o meu relógio. - Apontou o professor. - Meu relógio marca a frequência do oceano e nos mostra como estamos sendo atingidos por esse oceano.

No momento os ponteiros andavam extremamente rápidos:

- Como estamos focados e aprendendo a maré deu uma alavancada, o tempo está passando extremamente depressa pra gente, logo o nosso dia vai ser mais curto que o comum, notou como meu relógio demonstra a realidade? - Perguntou Paulo.

De fato, o tempo não passava da mesma forma todos os momentos, mas nunca havia parado para refletir demais sobre essa questão.

Ele mostrou as três alavancas pequenas em volta do relógio, que de vez em quando mudavam de posição:

- Simples, uma é para mobilidade de consciência, outra é para mobilidade física e a última é a mais complexa, é para manipulação. - Disse o professor apontando as três alavancas.

Franzi a testa:

- Vamos aos exemplos. - Disse sério.

"Mobilidade de consciência, pensa que o boneco já enferrujado está prestes a sucumbir, com a mobilidade de consciência ele retrocede dentro de si, restaurando completamente todos os efeitos do desgaste do rio. Em contra partida ele terá que reviver toda a experiência novamente, é o que você está fazendo agora."

Consenti enquanto imaginava o boneco de chumbo parado no rio sofrendo todos esses efeitos:

- O segundo é a mobilidade física, é o boneco finalmente se deslocando no rio, para trás, para frente etc. O contra ponto aqui é o que chamamos de Eco. - Disse o professor sério.

"O Eco é um rastro deixando pela mobilidade temporal, são sombras do viajante no tempo que se replicam cada vez que ele se move pelo rio."

Ele coçou a barba rasa com a luva:

- O universo assume que você não vai conseguir se deslocar no rio, o relógio cria uma falha, essa falha é o eco. - O professor colocou a mão na bolsa e tirou outros dois bonecos de chumbo idênticos ao primeiro.

Sorriu e disse para eu prestar atenção:

- Pensa assim, o primeiro boneco consegue se deslocar no rio com o auxílio de um artefato (No caso o relógio de madeira), quando ele faz isso ele cria um eco.

O professor pegou o primeiro boneco e deslocou no rio, posicionando-o perto de uma rocha, pegou o segundo boneco e colocou no local onde o primeiro se encontrava antes de se deslocar:

- Desse forma o universo corrigiu a falha, colocando um eco onde deveria existir alguém que não deveria ter se deslocado no rio. - Disse. - Porém esse primeiro eco é temporário, o que você tem que prestar atenção é sempre no segundo eco.

O professor posicionou o terceiro boneco no local onde o primeiro boneco conseguiu se deslocar, próximo a rocha:

- Quando o primeiro boneco retornar para o ponto de origem, o segundo boneco irá se desfazer, o primeiro eco vai de desfazer, mas o terceiro boneco vai precisar ser desfeito manualmente, ele irá permanecer no local de destino do primeiro boneco.

Eu estava muito confuso no momento, ele percebeu:

- Pensa assim, você Tom vai voltar no tempo para a época dos dinossauros, isso não é natural, quando você voltar para o passado um Eco de Tom irá permanecer aqui no presente, e você irá para o passado. - Disse o professor abandonando o exemplo dos bonecos. - Quando você retornar para seu tempo de origem automaticamente o Eco do Tom irá desaparecer, porém um segundo Eco irá ficar lá, na época dos dinossauros.

- E como eu desfaço isso? - Perguntei.

Ele apontou para o relógio, pressionou a tela por alguns segundos:

- Ele irá te avisar, com um brilho que existe um eco e você vai fechar a porta pra esse eco. Quando você chegar no beco próximo ao bar, sexta-feira 00h30 eu te mostro, quando eu retornar para o presente, terei que fechar o eco que ficará aqui.

- Você veio fisicamente para o passado então? - Perguntei.

- Sim, estou velho demais para viajar com a consciência. - Disse o professor. - E por último temos a manipulação.

Me ajeitei:

- É quando o boneco muda a intensidade do rio por conta própria, é difícil, requer energia e experiência. - Disse sério.

- Manipular... Tipo você parando o tempo? - Perguntei.

Ele riu:

- Parar o tempo é praticamente impossível Tom, eu desacelerei com intensidade o tempo, por alguns minutos apenas, e consigo fazer isso devido a minha imensa experiência. - Disse. - Existem lendas de homens que viveram mais de 3 mil anos dessa forma Tom, apenas controlando a intensidade que o rio atingia eles.

Arregalei os olhos:

- Bom, por último e não menos importante, preciso lhe alertar do seu maior perigo. - Disse se levantando e fazendo menção para seguilo.

Repeti os movimentos quase que roboticamente:

- Você tem que entender que viajar no tempo implica em muitas coisas, porém existem duas que são extremamente perigosas. - Andamos até a sala dos professores de volta, não demorou.

Ele abriu a porta e entramos, sentou em sua mesa e eu sentei de frente com ele:

- A primeira delas são alterações drásticas no passado, você já deve ter visto mil filmes do gênero e todos estão um pouco corretos, alterar o passado pode gerar catástrofes imensuráveis. - Alertou o professor. - Porém disso falaremos mais na sexta feira também.

Ele tirou da bolsa todos os bonecos de chumbo que tinha com ele, eram muitos, dezenas de bonequinhos:

- O maior perigo que você vai enfrentar na viagem são eles. - Disse. - Ecos dos outros viajantes.

- Outros viajantes? - Perguntei assustado.

- Pense comigo, o mesmo exemplo da época dos dinossauros, você está lá visitando a era Paleozoica, onde supostamente eu mesmo já visitei quando jovem, assumindo que eu não tenha fechado esse eco, por qualquer que for o motivo, você irá me encontrar lá, ainda jovem em uma das minhas viagens temporais, isso vale para todos os viajantes que já obtiveram o relógio anteriormente.

"Faz todo sentido", pensei. "Espalhados por todas as eras devem ter visitantes temporais, de antes e até depois de mim...":

- Mas nenhum dos ecos será tão perigoso quanto esse. - Ele tirou da bolsa um boneco branco, de mármore, do mesmo tamanho que os outros. - O Fantasma.

Senti um arrepio só de ouvir aquele nome, não sei por que:

- Fantasma... - Repeti.

- Fantasma foi por muito uma lenda, meu mestre, quem me deu o relógio me alertou dele, e eu estou lhe alertando... Ele é um assassino frio que destrói todos que estão com o relógio de madeira, seja um Eco ou alguém real. - Disse sério o professor. - Ele não quer replicas do relógio circulando.

- E quem ele é? - Perguntei.

- Não sei, eu e meu mestre procuramos durante toda a linha temporal, qual seu nascimento, sua nacionalidade, quando ele ganhou o relógio ou quem passou o relógio para ele... Nunca encontramos... Por isso o apelido. - Disse sério. - Ele pode nem ter nascido ainda...

Lembrei da questão do T.C.E sobre Hitler, o professor mestre e seu Paulo procuraram um assassino antes mesmo dele se tornar um:

- Mas ele é uma lenda você disse, ele pode nem ao menos existir...

Paulo suspirou, tirou a luva da mão esquerda, tirou o casaco e mostrou algo que eu nunca havia visto.

Seu braço esquerdo estava completamente destruído, como se tivesse sido queimado, cicatrizado e queimado novamente diversas vezes, os dedos eram tortos e disformes:

- Ele existe Tom... É um perigo real. - Disse enquanto vestia o casaco e as luvas novamente.

Fiquei em silêncio um tempo:

- Bom, estude tudo que lhe disse, escreva um relatório pra mim de tudo que entendeu e nos encontraremos novamente para testes práticos amanha. - Disse o professor. - Preciso me apressar e sair daqui antes que meu eco dessa época me encontra.

Verdade, ele tinha voltado fisicamente, o que implicava em existir dois dele nessa época, tirando o eco que ficou sexta-feira e tirando o eco que ficaria quando ele voltasse?

- Professor, nesse caso onde já existe um de você aqui, quando voltar para sexta-feira deixará um eco aqui? - Perguntei.

Ele arregalou os olhos:

- Muito boa pergunta, nesse caso não deixarei eco nenhum pois o universo não tem nada o que corrigir.

Fiquei satisfeito comigo mesmo, nos despedimos:

- Não esqueça o T.C.E, entregue na mesma data, para conseguir distinguir, eu do futuro estarei sempre de óculos, eu do passado não. Entregue o relatório para meu outro eu, sem óculos! - Disse, se despedindo.

Sai da sala dos professores pensando em tudo que havia aprendido. Os Ecos, as formas de mobilidade e manipulação, era tudo muito surreal... E esse Fantasma... Tudo isso me causava extrema ansiedade e angustia, voltei para o apartamento pensativo demais.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 30/08/2016
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