Aventura de RPG Clássica - Blanche 1 de 2

História de Blanche-

"Eu fui um sinal de mau agouro para minha casa, eu trouxe a morte para aquele lugar."

A família Laruhn era uma das diversas famílias tribais do vilarejo de Thargur, uma ilha afastada de Arton, viviam de batalhas e pilhagens de guerras, eram malandros, enganadores e poderosos de natureza:

- Um dia um viajante perguntou por que treinamos nossas crianças desde cedo para a batalha, apontei Lamnor a leste e Galsaria a oeste, estamos cercados de aberrações. - Dizia um pescador da ilha.

Skadi era uma mulher poderosa, a progenitora dos Laruhn, seus cabelos negros contrastavam com sua pele branca, estava grávida e a criança devia vim a qualquer momento:

- Se chamará Tyr, como nosso ancestral, justo e leal à sua família. - dizia Skadi alisando sua barriga enorme.

- O garoto será um touro de forte. - dizia o pai a se referir ao tamanho da barriga de Skadi, imensa, o bebê com certeza viria poderoso.

Porém algo inesperado aconteceu, algo que não acontecia a milhares de anos em Thargur, um sinal de mau agouro.

Skadi estava em sua cama de sangue, gritava de dor quando saiu Tyr, os olhos e cabelos negros como os de sua mãe, o curandeiro pegou a criança e se preparou para sair do quarto e limpa-la, quando os ajudantes gritaram de espanto e todos na sala arregalaram os olhos, o curandeiro voltou a tempo de ver dentro da mulher, outra criança, mirrada e menor que a primeira, abismado retirou a criança do ventre da mulher, era pequeno demais e magro.

Ficou ali parado um tempo, com a criança em mãos, de costas para todos:

- O que aconteceu curandeiro? - Perguntou as ajudantes ao perceber que o velho tremia com a criança nos braços.

- Seus cabelos e essa marca... - Dizia espantado, se virou e mostrou a segunda criança de Skadi a todos.

Uma mulher desmaiou ao ver, o pequeno garoto tinha os cabelos brancos e uma marca no peito.

O curandeiro lavou as duas crianças e largou nas mãos do pai, correndo dali o mais rápido que pôde, o homem levou os dois para Skadi que estava ali, cansada e ferida:

- Se chamará Blanche... - Dizia fraca, os olhos perdendo vida.

O homem com os olhos marejados beijou a testa da esposa... Blanche era o nome de um fenômeno que acontecia uma vez a cada era, o céu escuro da noite era tomado de rastros brancos e precisos, era lindo... O casal havia presenciado uma vez, na noite que se apaixonaram.

Skadi faleceu naquele dia, dizem que neve caiu em Thargur pela primeira vez com o nascimento do garoto e a morte de sua mãe.

Após o velório o pai dos garotos talhou em uma pedra uma runa que significava "Blanche", que acenderia quando o fenômeno acontecesse novamente, guardou-a em um colar e colocou em volta do pescoço do menino, deixou as crianças com seu irmão:

- Deixo eles a seu cuidado bom irmão. - Disse pegando suas armas e um barco, o homem enfrentaria seu inimigo em Galsaria, dizia ele que Skadi havia sido amaldiçoada e sua morte junto daquela neve não eram naturais.

As más línguas dizem que o rapaz apenas perdeu a sanidade quando sua esposa, significado de toda sua existência falecera.

O tio cuidou dos dois como se fossem dele, pois tinha um amor secreto por Skadi, um amor escondido durante anos, enxergava em Tyr o legado da mulher amada e em Blanche o terror que trouxe a morte da mulher, chamava o garoto de Fenrir, uma loba branca gigante responsável pelo assassinato de seus ancestrais.

Com o passar do tempo o nome Blanche caiu no esquecimento, todos no vilarejo conheciam o garoto dos cabelos brancos de Fenrir, aquele que trouxe o terror:

- Um dia um mal cairá sobre essa terra, estamos criando uma aberração. - Dizia a tia-avó das crianças, cozinhava assistindo-as brincar.

Tyr porém ignorava tudo que diziam, amava seu irmão e o protegia a todo custo, pois era mais robusto, mais forte e amedrontador, nenhuma criança da ilha ousava disputar força com ele:

- Serei o guerreiro mais poderoso que saiu de Thargur, serei capaz de derrotar hordas de minotauros sozinho! - Urrava Tyr enquanto brincavam de luta.

Blanche ria do irmão que com um pedaço de pão destruía todas as frutas das árvores.

A relação de irmandade entre os dois crescia a cada ano que passava, um dia sob o luar questionaram o que era aquele colar que "Fenrir" tinha desde pequeno:

- A velha diz que nossa mãe deixou com você Fenrir. - Dizia Tyr analisando o colar de pedra azul opaca.

- A mesma velha que diz pelos cantos que fui eu que a matei... - Blanche se culpava pela morte e o desaparecimento do pai.

Tyr fez uma careta para animar o irmão:

- Você não matou nossa mãe, te chamam Fenrir pois é astuto e forte como um lobo! - Tyr uivava alto correndo pelo vilarejo, Blanche ia atrás rindo.

No outro dia cedo, Tyr acordou com barulho de móveis quebrando e uma gritaria, pulou da cama e correu para ver o que estava acontecendo.

Seu tio e a velha estavam batendo em Fenrir, com um pedaço de pau, batiam forte enquanto gritavam "aberração!", Tyr sem pensar pulou na frente e com muita força derrubou seu tio:

- O que ta acontecendo? - Gritava o garoto enquanto protegia o irmão que estava no chão, com um dos olhos sangrando.

- Esse monstro Tyr, sempre soube que era um monstro, peguei ele fazendo bruxaria das brabas! - Gritava a velha apontando para Fenrir que estava estirado no chão.

- Eu não estava fazendo nada! - Gritou Blanche.

Tyr sem entender nada ajudou o irmão a se levantar e juntos correram para fora, rumo ao rio.

Quando chegaram, Tyr pegou um punhado de água e jogou no rosto de Blanche, fazendo o sangue sair dando lugar a um corte profundo no olho esquerdo que ia de uma extremidade a outra:

- A velha me cortou Tyr... - Disse Blanche fazendo careta de dor. - Ela e o tio dizem que tenho um olhar enervante, como o lobo Fenrir... Eles disseram que sou traiçoeiro e presunçoso...

Uma lágrima caiu dos olhos de Tyr, que sentia raiva por tratarem seu irmão dessa forma, o garoto sequer se preocupou em saber o que ele havia feito, pois sabia que nada justificava tamanha violência.

Passaram o dia treinando juntos, como faziam para se distrair.

Ao entardecer os garotos cansados de treinar tiraram um cochilo no pé de uma árvore após comer umas frutas que acharam ali.

Sonhos tempestuosos perturbaram Tyr que pouco tempo depois acordou e notou que seu irmão não estava mais ali:

- Fenrir? - Chamou, quando ouviu não tão longe a sul um barulho.

Correu a ponto de ver homens e mulheres do vilarejo carregando seu irmão a força até a praia, Blanche gritava e chamava por ajuda.

Tyr correu o máximo que pôde, derrubou os aldeões que estavam no caminho com um jogo de corpo, se aproximou o suficiente para todos pararem:

- Larguem meu irmão! - Gritou.

Guerreiros da ilha estavam com o menino nos braços, que chorava desesperado:

- Ele é uma maldição nessa ilha, não me assombraria se tivesse sido enviado da torre de Galsaria diretamente! Ele deve sair daqui imediatamente. - Gritavam os guerreiros.

Tyr viu seu tio no meio dos guerreiros, calado, com um olhar de fúria.

Tyr tentou avançar contra os guerreiros, mas foi derrubado imediatamente com um soco de um dos adultos, que fez o garoto cair.

Blanche gritou de ódio ao ver aquela cena, em volta de todos uma névoa densa frita apareceu e lascas afiadas de gelo atingiram o guerreiro que socou Tyr, fazendo o homem cair inconsciente e ferido.

Nesse momento, ao presenciarem o garoto fazer esse tipo de coisa, os homens não perderam tempo, socaram o garoto até esse desmaiar e jogaram ele no navio, partindo de Thargur imediatamente.

Tyr caído sozinho na praia via o navio se distanciando, enquanto socava a areia:

- Eu sou fraco! Eu não consegui proteger meu irmão! - Socava o chão até as mãos sangrarem. - Eu vou ficar mais forte, eu vou te resgatar irmão!

... Continua ...

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 18/10/2016
Reeditado em 18/10/2016
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