POUSADA NA PRAIA.

ELZA era moça simples, muito quieta e gostava de usufruir a tranquilidade que certos locais proporcionam. Não gostava de barulho, passava horas lendo seus livros. Assim levava sua vida, quando não estava trabalhando. Um dia, ao ler o jornal, notou um anúncio que chamou sua atenção:

 
POUSADA NA PRAIA. PARA CURTA TEMPORADA
Família aluga quarto para pessoa só.
Desfrute a beleza e a tranqüilidade do local.
Reserve pelo fone (013) 3434-6262.

ELZA se interessou de imediato. Pensou aproveitar um feriado bem prolongado que logo viria, e fez uma reserva.

Sem contar para ninguém, ela se organizou e naquele dia partiu para o descanso que há muito não conseguia ter. Viajou de ônibus por mais que três horas. Chegou ao meio da tarde à pequena rodoviária. Pegou um táxi para ir à pousada. Realmente era um local simples, mas acolhedor. ELZA foi bem recebida por um casal que lembrava ser de descendência estrangeira, e pelo filho do casal, o JÚNIOR, um moço bem educado. Efetuou o valor correspondente ao tempo que por lá ficaria. - Ela lá se acomodou no pequeno e muito limpo quarto suíte que lhe indicaram. Naquele fim de tarde, Elza quis fazer uma pequena refeição porque não via a hora de dormir. No dia seguinte, após o desjejum, quis passear pela praia. Ficou umas horas andando pela orla e retornou para o almoço. A comida havia deixado um cheiro que convidava qualquer um a saboreá-la. Dona ESTHER lhe disse que havia feito uma simples refeição, mas que à noite serviriam um belo jantar. Após o almoço ela, de novo, quis dar um pequeno passeio. Ao sair pela parte traseira da pousada, notou o Júnior que a ela dirigiu um sorriso. Ela, por educação, o convidou para caminhar com ela. Ele agradeceu e disse que não seria possível porque iria ajudar sua mãe a preparar o jantar. Elza foi sozinha.

Assim que regressou, notou que a mesa da sala estava posta com bela toalha branca e os pratos bem colocados sobre ela. Dirigiu-se ao seu quarto e começou a se aprontar sem pressa alguma.

Realmente, o jantar foi servido logo às sete horas. Um assado bem dourado estava sobre bela travessa. Arroz e uma boa maionese de legumes completavam o cardápio. Foi servido suco de limão rosa e para sobremesa uma torta de maçã. Todos se regalavam com o banquete. 

Após o jantar, Elza se sentou numa cadeira de balanço que ficava na varanda e ficou, naquele momento de tranquilidade, a pensar na sua vida. Não demorou e decidiu ir dormir, para aproveitar o silêncio da noite.  Apenas podia ser ouvido de longe o barulho das ondas do mar ao tocarem nalgumas pedras que ornavam a praia.

Felizmente, esse ótimo jantar se repetia todas as noites, com aquele esmero, e ela estava adorando.
  

Algumas vezes, Elza fez os passeios junto com o Júnior que, com todo o respeito se portava, e normalmente caminhava com ela.

Assim foram passando os dias até que chegou o último de seu repouso. No dia anterior, Dona ESTHER lhe disse que, se quisesse, poderia telefonar dando notícias e contando sobre o seu regresso. ELZA resolver telefonar para sua única amiga, contou-lhe sobre o belo passeio e disse que no dia seguinte já estaria voltando para a luta costumeira. Mas assegurou-lhe que não se importasse com ela, porque sabia de cor o caminho de volta. Disse isso e deu uma risadinha.

Resolveu aproveitar parte da manhã daquele último dia, para mais um pequeno passeio. Na volta, Elza começou a juntar suas coisas e se arrumar. Ao olhar para o espelho viu o JÚNIOR portando um enorme porrete nas mãos. Isto foi a última coisa que ela viu.

Afinal, por que isso aconteceu, e o que realmente acontecia naquela pousada?


Todas as vezes que recebiam um ou uma hóspede, a família se unia e o matava, no dia da partida. Cortavam o corpo daquela pessoa em pequenas partes, retiravam as carnes dos ossos e as guardavam num enorme congelador que havia num cômodo, ao lado da cozinha. Os ossos e seus pertences eram totalmente queimados, destruídos. Aquela carne era a que serviam nos jantares, toda bem temperada e assada, ao próximo hóspede que acabasse de chegar. E como sempre, todos ali a saboreavam. - E, depois, quando o telefone tocava e algum parente ou conhecido perguntava pelo hóspede anterior, a família informava que ele já havia deixado a pousada, há poucos dias.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 04/04/2017
Reeditado em 01/05/2017
Código do texto: T5960789
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