Conversa Com Um Anjo VII

O fato é que Bruna evadiu, foi para o mundo dos que optaram ficar à parte dos relacionamentos, levanta pela manhã, pinta seu rosto e toma o café que preparou, vai para a vida. Deixará para uma eventual florada o despertar do ímpeto para relacionar com um homem. Hiberna na insignificância que elegeu para repaginar seu interior, numa ressignificação que apercebeu fazer parte do processo do autoconhecimento.

Se está na noite escura da Alma, não se sabe, mas no momento que vive, vê o reflexo dos seus medos passados, temeu no ontem ficar sozinha, não ser amada, ser abandonada, não amar.

Agora, neste caminho, aparentemente solitária, navega no oceano das suas emoções turbulentas, efeito colateral das suas ações nas tentativas de partilhar esforços para realização da obra de arte que é a vida a dois.

Direta e indiretamente, Bruna está onde deveria estar, a lei do polaridade e dos contrários também existe em cada um de nós. O espaço é somente dela, vive no estado atual da vida a oportunidade de assumir o egoísmo da liderança da própria vida, sem parcerias.

O caminho solitário do monge, do mestre, do celibatário...talvez possa estar no caminho! pois nascemos sós...morreremos sós, e o mundo interior é problema nosso, a paz é conquistada pela via dos três (mente, sabedoria e inteligência).

Pode ainda aproveitar esta experiência, caso assimile aprendizado, maturando seu emocional num novo encontro com outra alma que se afine, iniciando a empreitada a dois; segura de quem é, do que foi, pronta para se lançar ao desafio, e viver um grande amor.

Continuará indo às festas, ao cinema, fazer compra no supermercado e pagar suas contas, sozinha, vendo as amigas casarem, terem filhos, chorarem e sorriem pelos resultados nos relacionamentos. Ficará na penumbra do tempo, com a lanterna da percepção consciente desperta.

Como disse Heráclito, filósofo grego: “O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o homem é o mesmo homem.”

FIM