ARMADURA

Enquanto estivesse lá, dentro de sua cabeça, era bonita.

Ninguém podia saber, ver ou tocar.

Era uma armadura, reluzindo no oco de sua mente escura,

reflentindo a única luz que restava nos olhos dele.

E foi assim até que rasgasse sua pele e vazasse dos seus olhos,

como estilhaços de algo que um dia foi inteiro e que poderia,

quem sabe, ser a única chance dele entrar numa batalha de verdade.

Era sua armadura. Sua querida e única armadura. E quebraram-na...

Seus estilhaços estavam lá, por todo chão pálido; a prova de que as sombras enganam e destroem. Era a esperança dele ali, aos pés dos olhos de reprovação, fragmentada.

Antes de parecer mais indefeso, jogou-se aos estilhaços, e sentiu, mais uma vez, a armadura fazendo parte dele. Sua pele e ela eram uma só, podendo ele se sentir forte o bastante pra sempre... Mesmo que isso ferisse, tornando-o um ser cromado pela dor, mas, de agora em diante, valioso.

Domero
Enviado por Domero em 28/05/2017
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