A ESTRANHA NAVE E O RESGATE DE PESSOAS PARA OUTRA DIMENSÃO

   A grande nave desceu silenciosa e vagarosamente do espaço diante de olhos arregalados, sobre o mar permaneceu parada no ar emitindo luzes de diversas tonalidades em plena tarde nublada. O azul do céu não era visto e o sol estava encoberto por nuvens acinzentadas como se não quisesse testemulhar tamanho evento inesperado. O vento soprava acanhado e as águas da praia quase não faziam barulho quando suas ondas batiam na areia, talvez preferissem o silêncio como se assim procedessem por algo importante que estava por acontecer, a enorme e deslumbrante nave alí pertinho deixava as pessoas impressionadas e até confusas, afinal não sabiam o porquê daquela aparição inesperada.

   Da minha cabana, a poucos metros da praia, pude vislumbrar aquele imenso objeto desconhecido vindo das alturas, vi quando rompeu as nuvens e desceu na mais completa perfeição de uma amerrissagem e se posicionando a pouca distância da água do mar. Assim ficou por cerca de dez a quinze minutos como a se preparar para uma operação diante dos poucos banhistas que alí estavam, agora assustados e sem a mínima ideia do que ocorreria. A tensão era grande, pessoas se ajoelhavam e rezavam, outras ficaram paralisadas apenas contemplando aquele aparelho desconhecido e no aguardo de algum ataque, algumas correram para longe fugindo com medo. Da janela a tudo eu assistia anestesiado e surpreso tanto quanto todas aquelas criaturas que alí estavam.

   Finalmente uma porta se abriu e ouviu-se um suave toque semelhante a uma trombeta anunciando uma figura que surgiu em seguida levantando os braços. Percebia-se claramente tratar-se de um ser humano apesar de vestir-se estranhamente, nada parecido com os nossos costumes. Homem ou mulher, não dava para destinguir, usava uma espécie de cobertura sobre a cabeça que quase cobria o rosto, porém os olhos eram brilhantes e grandes como duas fontes luminosas, dava para serem vistos mesmo de longe. Súbito um feixe de luz vindo das nuvens iluminou a praia, a claridade era impressionante, parecia um dia ensolarado produzindo calor, as pessoas se inquietaram e se apavoraram, muitas caíram por terra desfalecidas enquanto outras permaneceram de pé, as que estavam de joelhos se levantaram, todas estavam sob o comando daquela figura que apareceu na porta da nave. Outro feixe de luz ligando a porta da nave e a areia da praia permitiu que essas pessoas de pé caminhassem em fila sobre ele e adentrassem o estranho objeto vindo do céu. Estáticas todas penetraram nele na maior tranquilidade enquanto as que estavam caídas alí permaneceram. Em seguida observei que muitas outras filas se formavam vindas de todos os cantos e caminharam sobre o feixe de luz em direção a grande nave, todas as pessoas demonstravam feições alegres e suas vestes eram estranhamente substituídas por outras na cor branca.

O tempo foi longo, pude calcular mentalmente, a quantidade de pessoas que em filas penetraram no estranho aparelho foi infinita, não sei se a noite caiu devido a intensa luminosidade que vinha das nuvens e deixava o local praticamente parecendo dia, mas acredito que foram horas de grande movimento na praia. Por fim cessou o resgate e as luzes, tanto o feixe vindo do alto quanto o que ligava a nave a praia, se apagaram. Extasiado vi quando a porta se fechou e da mesma forma que chegou, envolvida em grande silêncio, a nave ganhou o céu furando as nuvens e desapareceu no firmamento, agora repleto de estrelas cintilantes. Era noite já adiantada, quanto aos corpos caídos na areia simplesmente sumiram.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 23/09/2019
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