A SEREIA E O MAR

A SEREIA E O MAR

Ela era uma sereia que vivia nas profundezas do oceano, cercada de peixes coloridos e corais brilhantes. Ele era o mar que a envolvia com suas ondas suaves e sua brisa salgada sussurrando canções em seu ouvido. Eles se amavam desde que ela nasceu, pois foi o primeiro a acariciar sua cauda e a cantar em seu ouvido e a acolhê-la em seu reino

Eles passavam os dias juntos, explorando os mistérios do fundo do mar e as maravilhas submarinas, brincando com as bolhas, as algas, admirando o sol que se refletia na superfície. Se abraçavam à noite, sob o luar que iluminava seu leito de algas e conchas suas escamas e seus olhos. Ela era feliz e não conhecia outro mundo.

Um dia, ela viu algo diferente no horizonte. Era um navio de madeira com velas brancas e bandeiras coloridas, que cortava as águas com elegância. Ficou curiosa e quis se aproximar, mas ele a segurou, advertiu.

- Aqueles são os humanos. Eles são perigosos e cruéis. Eles destroem tudo o que tocam e não respeitam a vida do mar.

- Mas eles parecem tão interessantes e bonitos - ela disse, fascinada pelo brilho dos objetos que eles carregavam.

- Eles são enganadores e traiçoeiros - ele disse, com tristeza em sua voz. - Eles não te amam como eu te amo. Eles só querem te capturar e te levar para longe de mim.

Ela não entendeu suas palavras, mas sentiu seu medo e sua dor. Ela o beijou e prometeu que nunca o deixaria. Ele a abraçou e agradeceu por seu amor.

Mas ela não conseguiu esquecer o que viu, começou a sonhar com os humanos, com suas roupas, suas vozes, suas risadas. A se perguntar como seria viver entre eles, como seria caminhar sobre a terra, como seria sentir o calor do fogo.

Ela começou a se afastar do mar aos poucos, a inventar desculpas para não ficar com ele, a procurar um jeito de subir à superfície e para explorar outras partes do oceano.

Não conseguia tirar os olhos daquele navio misterioso, que parecia tão diferente de tudo que ela já tinha visto. Sentia uma estranha atração por aquele mundo desconhecido, que a chamava com sua beleza e mistério.

Se aproximava cada vez mais do navio, tentando ver os humanos que viviam nele. Viu homens e mulheres vestidos com roupas coloridas, cantando e dançando ao som de instrumentos musicais. Viu objetos brilhantes e preciosos, que eles trocavam entre si ou jogavam ao mar. Viu um homem jovem e bonito, com cabelos loiros e olhos azuis, que parecia o líder do navio. Ela sentiu algo novo em seu peito, uma emoção que ela não sabia nomear.

Ficou dividida entre dois mundos, dois amores, duas vidas. Ela amava o mar, seu amigo de infância, seu companheiro de aventuras, seu confidente e amante. Mas ela também amava o homem, seu sonho proibido, seu desafio e tentação, sua esperança e ilusão. Não sabia o que fazer nem para onde ir.

Um dia, tomou uma decisão. Decidiu conhecer o homem que tanto a fascinava, e descobrir se ele sentia o mesmo por ela. Esperou até o anoitecer, quando o navio estava ancorado perto de uma ilha deserta. Nadou até a borda do navio, e usou sua voz mágica para chamar pelo homem. Ele ouviu seu canto e foi até ela, sem saber o que esperar.

Ficou surpreso e encantado ao ver a sereia mais linda que ele já tinha visto em sua vida. Ela tinha longos cabelos negros, olhos verdes como esmeraldas, uma cauda azul como o céu, e um sorriso doce como o mel.

Ela encontrou um meio de realizar seu desejo. Fez um pacto com uma bruxa do mar.

A bruxa lhe ofereceu uma poção mágica que lhe daria pernas humanas em troca de sua voz. Ela aceitou sem hesitar, pois achava que não precisava de palavras para se comunicar com os humanos. Só queria estar perto deles, tocá-los, conhecê-los.

Bebeu a poção e sentiu uma dor terrível em sua cauda. Se contorceu na areia e viu seu corpo se transformar. Olhou para suas novas pernas e sorriu. Olhou para o navio que se aproximava e correu em sua direção.

O mar a viu partir e sentiu seu coração se partir. Gritou seu nome e implorou que voltasse. Chorou lágrimas salgadas que se misturaram ao mar.

Ele nunca mais a viu.

Ela nunca mais voltou.

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RAIMUNDO CAMPOS
Enviado por RAIMUNDO CAMPOS em 07/05/2023
Reeditado em 07/05/2023
Código do texto: T7782137
Classificação de conteúdo: seguro
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