A Torre da Batalha

Numa daquelas torres vivia um velho louco e cego, chamado de Guardião. Sob seus olhos estendiam impérios até o limiar do horizonte e sobre seus ombros estavam os estandartes de incontáveis batalhas e de imemoriáveis dinastias. Ele era cego para não ver a carnificina e louco simplesmente por acreditar nesse caminho.

A torre era alta como devia ser, pois sua sombra deveria alcançar os mais distantes reinados e o rei soberano, o Sol, deveria prestar reverências à grandiosidade daquela torre, construída do mais puro granito escarlate, raro como a presença de deus naquelas terras.

Muitos imperadores e reis prestavam homenagens sob a sombra imensa da torre do velho louco e cego. Ele, do alto, sob a luz da lua ou o fogo do sol, abençoava cada senhor da guerra, cada guerreiro louco, cada tirano impieodoso, cada paladino intocável, cada soldado da Cruz, cada infiel, cada portador da lâmina, cada defensor de causas, cada homem de armas. Ele era a única esperança de todos que sangravam nos campos de batalha. O velho louco era muito mais que um homem solitário. Era o tecelão da eterna mortalha.