O PARDAL

Pardalzinho, pardalzinho,
que entrou na minha casa,
no fim da tarde sozinho,
sem saber usar as asas.

Eu ouvia o teu chamado,
mas não te podia achar;
procurei por todo lado,
indo atrás do teu piar.

Pra qualquer canto que fosse
o chamado me seguia,
pela casa ecoava,
mas quem disse que eu podia

achar onde te escondias...
Pensei que fosse cigarra;
olhei em cantos e pias,
em arandelas, na barra

dos vitrôs; peguei escada,
olhei nos altos lugares,
mas não te achava, que nada!
Só ouvia os teus piares.

Num momento, tudo quieto,
num outro, um barulho novo
e eu sem saber ao certo
que fazer. Pensei:- Socorro!

Quando eu ia desistir,
finalmente te encontrei;
pensei que ias fugir,
uma toalha joguei

sobre ti, rapidamente,
e bem depressa entendi
que sem um cantinho quente,
não daria chance a ti.

De uma caixa de sapatos
fiz abrigo apropriado,
sabendo todos os fatos,
tomando muito cuidado.

Tinha grande confiança
de que sobreviverias;
não fiz grande comilança:
pão e um pouco de água fria

coloquei numa seringa.
Te alimentei com cuidado,
Botei fá no meu coringa,
no teu ninho algodoado.

Dormi mal e com certeza,
acordei cedo e alerta,
porque toda natureza,
estava já bem desperta.

Abri a caixa pensando
somente em cuidar de ti,
mas já saíste voando;
pra onde foste, não vi.

Pensei que tinhas voado
pra fora, feliz, liberto,
porém, mais tarde, um piado
mostrou meu saber incerto.

Curioso! Eu avistara
uma pardoca a chamar,
por perto, isso eu notara,
no telhado, em seu lugar.

Novamente, eu abriguei
teu corpinho entre os meus dedos;
bem baixinho, cochichei
a ti pequenos segredos.

Quando eu abri minha mão,
confesso senti doer
um pouquinho, o coração,
mas quem iria prender

um pardalzinho em gaiola?
Apenas em breve instante,
cantei-te uma barcarola;
és livre de agora em diante.


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