QUANDO A SÊCA TÁ NO PIQUE/MEUS ZÓI TEM ÁGUA À VONTADE...

QUANDO A SÊCA TÁ NO PIQUE/MEUS ZÓI TEM ÁGUA À VONTADE...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

2 0 0 9

Quando o avelóis amarela,

quando num chove há seis mêis,

meu sertão, digo a vocêis,

num é digno de aquarela.

Farta cumê na gamela,

é franca a necessidade.

É triste, mais é verdade,

juro qui num é dibique,

QUANDO A SÊCA TÁ NO PIQUE,

MEUS ZÓI TEM ÁGUA À VONTADE.

No solo todo rachado,

na incremença da secura,

o sertanejo murmura,

uma oração no ceicado.

Nela êle manda um recado,

pidindo pru caridade,

qui Deus na sua bondade,

sua atenção lhe dedique,

QUANDO A SÊCA TÁ NO PIQUE,

MEUS ZÓI TEM ÁGUA À VONTADE.

Tem muntas rêis dirnutrida,

farta água nuis barrêro,

a lida do fazendêro,

nem de longe é divirtida.

Vaca no girá, caída,

sofrê é a realidade.

Prá você qui é da cidade,

afirmo sem trique trique,

QUANDO A SÊCA TÁ NO PIQUE,

MEUS ZÓI TEM ÁGUA À VONTADE.

P’ruis pião num tem cumê,

p’ruis bicho num tem ração,

a mizéra no sertão,

é quem cumanda o sofrê.

Aí vejo o padicê,

naquela calamidade.

A cumade e o cumpade,

cumendo inté xique xique,

QUANDO A SÊCA TÁ NO PIQUE,

MEUS ZÓI TEM ÁGUA À VONTADE.

No sufrimento tão farto,

o cachorro dirnutrido,

prumode um simpres latido,

de tão fraco, cai duis quarto.

Nuvía morre de parto,

a disisperança invade.

Cum tanta infelicidade,

num ai quem triste num fique,

QUANDO A SÊCA TÁ NO PIQUE,

MEUS ZÓI TEM ÁGUA À VONTADE.

Minino novo morrendo,

a mãe sem leite prá dá,

num pudendo amamentá,

vê sua cria sofrendo.

Quando tem sorte, é mexendo,

um cardo da caridade.

Aquêles de mais idade,

cum fome, inté dá chilique,

QUANDO A SÊCA TÁ NO PIQUE,

MEUS ZÓI TEM ÁGUA À VONTADE.

Munta gente qui ali, mora,

dêxa tudo, num instante,

se transfóima in ritirante,

e sai puro mundo a fora.

Sua sorte, lamenta e chora,

busca solidariedade.

Deus manda que a caridade,

todo vivente pratique,

QUANDO A SÊCA TÁ NO PIQUE,

MEUS ZÓI TEM ÁGUA À VONTADE...

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta

Da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte

Da União Brasileira de Trovadores-UBT-RN

Do Inst. Hist. E Geog. Do Rio Grande do Norte

Da Comissão Norte-Riograndense de Folclore

Da União dos Cordelistas do RN – UNICODERN

Da Ass. Dos Poetas Populares do RN – AEPP

Do Inst. Hist.e Geog. Do Cariry-PB

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

Sites:

WWW.bobmottapoeta.com.br

WWW.recantodasletras.com.br/autores/bobmottapoeta

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Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 01/01/2009
Código do texto: T1362139
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