URUCUBACA

Tonha casada com Zé

Mulher de garra, valente

Saiu bem cedo de sua casa

Cantarolando contente

Pisou em esterco de vaca

Caiu, com o chão ficou rente.

Ela levantou apressada

A roupa suja de lama

Sua saia nova rasgada

Muito feio para uma dama

A sandália descolada

E a boca cheia de grama.

Sacudiu a poeira, seguiu

Mais na frente, gado solto

Quis correr, mas resistiu

Não ia dar ao povo o gosto

De chamá-la de covarde

Porém teve foi desgosto.

Um boi bravo quando a viu

Partiu, correu em disparada

Tonha calou não deu um pio

Ficou dura estatelada

Onde estava o seu brio

Ela estava atrapalhada.

Correu feito mula doida

Cambaleando tropeçou

A blusa presa no arame

Outra tormenta começou

Rasgada em dois pedaços

U’a parte na cerca ficou.

Com as roupas em molambos

Chegou enfim ao seu destino

E praguejava irritada

Era quase desatino

Urucubaca danada

Está me tirando o tino.

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 04/06/2009
Código do texto: T1632562
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