PAI
Com seu bastão vacilante
segue sem medo o caminho,
sabe o segredo do espinho,
passa por cima, o viajante.
Risca na face enrugada
a linha certa da estrada...
Pinta no mapa o semblante.
Sabe que o viver é breve,
abre a sacola da vida,
ganha tempo na corrida,
ali só tem coisa leve...
Tão leve quanto a coragem
- Assim é minha bagagem!
Contente meu pai escreve!
Tem no peito a luz que arde
prevenindo contra a curva,
sabe ele que a vista é turva
por estar no fim da tarde.
Traz a marca de um açoite
que não deixa ver a noite
do medo não é covarde.
Rega seu jardim em flores.
Sua estrada vai cobrindo
com sete botões abrindo
semeando outros amores,
pra quando murchar o cravo,
da saudade eu seja escravo,
no perfume engane as dores.