PAI

Com seu bastão vacilante

segue sem medo o caminho,

sabe o segredo do espinho,

passa por cima, o viajante.

Risca na face enrugada

a linha certa da estrada...

Pinta no mapa o semblante.

Sabe que o viver é breve,

abre a sacola da vida,

ganha tempo na corrida,

ali só tem coisa leve...

Tão leve quanto a coragem

- Assim é minha bagagem!

Contente meu pai escreve!

Tem no peito a luz que arde

prevenindo contra a curva,

sabe ele que a vista é turva

por estar no fim da tarde.

Traz a marca de um açoite

que não deixa ver a noite

do medo não é covarde.

Rega seu jardim em flores.

Sua estrada vai cobrindo

com sete botões abrindo

semeando outros amores,

pra quando murchar o cravo,

da saudade eu seja escravo,

no perfume engane as dores.

Dáguima Verônica de Oliveira
Enviado por Dáguima Verônica de Oliveira em 22/07/2009
Reeditado em 03/09/2009
Código do texto: T1713248