OS OLHOS DO SEU AMOR - O Paladino e a Donzela

À minha amada Donzela

No seminário recluso

A quaresma foi guardada.

Maior fome, maior sede

Tua falta, minha Amada,

Que por mim tem esperado

Em paixão imaculada.

No Seminário menor

A São José, dedicado

Ouvi tão forte homilia -

Com meus irmãos, congregado;

E me vi prostrado ao chão

Confessando o meu pecado.

Minha querida Donzela

Qual será o maior pecado?

Senão este que eu ouvi,

E me deixou quebrantado

Ao ver Cristo sendo entregue

Culpado por meu pecado.

O meu irmão franciscano

Falou com todo o cuidado,

Sem conhecer nossa vida

Revelou todo o pecado;

Seguindo o texto divino

Em Pedro, eu me vi culpado.

“Naqueles cravos pregados,

Com ódio e com ironia,

Vejo todos os pecados

Que eu pratico a cada dia;

Que trazem prazer à carne

E, à minha alma, a agonia.

Eu sou Pedro, o discípulo,

E prometo o que eu não posso.

E eu o nego a cada dia,

Mas, meu pecado, lhe endosso,

E assim vou caindo mais

E mais fundo, eu me fosso.

Sou filho morto e perdido;

A ovelha desgarrada;

Sou a esposa prostituta;

A terra amaldiçoada;

Sou o réu sentenciado;

Sou a filha desvairada.

Os cravos - o meu pecado,

Em Cristo sendo encravado;

Derramam o sangue inocente

Por causa do meu agravo;

Mas no sangue do inocente

O perdão é revelado.

Os olhos em mim fixados,

São os olhos do seu amor

Que suportam solidão

Enfrentando toda dor;

Que gemendo ainda chamam

Este verme sem valor.

No meu coração é noite.

Miserável traidor.

Neguei quem sempre me amou

Sou o maior pecador.

Não mereço ser chamado

De apóstolo do Senhor.”

Com Pedro também eu choro:

- Ó meu Deus porque esse Amor?

Sou eu quem tem te negado.

Trago em meu peito o amargor.

Pois me amando te entregaste

E sofreste a minha dor.

“Voltando-se o Senhor,

Fixou os olhos em Pedro...

Então, Pedro, saindo dali,

Chorou amargamente”

Evangelho de Lucas 22.61 e 62

O seu amado Paladino

Crato, 10.04.1938 do ano de nosso Senhor.

Moses Adam

F.V., 10.04.2009 – 16h00

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