No tempo de pai Tomás... mote> Autor: Damião Metamorfose.

Relembrando o meu passado,

Morando numa palhoça.

Puxando enxada na roça,

Pra ganhar algum trocado.

Cortar de foice e machado,

Cavar chão, plantar semente.

Hoje tudo é diferente,

Daqueles tempos atrás.

No tempo de pai Tomas,

Preto velho e pai Vicente.

Espingarda de alavanca,

Uma garrucha de soca.

Cortar mato e fazer broca,

Plantar fava preta e branca.

Peruar joga na banca,

Dormir sem escovar dente.

Andar com espelho e pente,

Todo metido a rapaz.

No tempo de pai Tomas,

Preto velho e pai Vicente.

Brincar de cair no poço,

Só pra beijar as meninas.

Caçar galo de campinas,

Baladeira no pescoço.

Fazer um curral com osso

de gado, naturalmente.

Ver o mundo diferente,

Sem pecado ou satanás.

No tempo de pai Tomás,

Preto velho e pai Vicente.

Viver cultivando a terra,

Ter casa e não ter mobília.

Ser arrimo de família,

Que o pai pune quando erra.

Não ouvir falar em guerra,

Nem em outro continente.

Ser um matuto inocente,

Que só conhecia a paz.

No tempo de pai Tomás,

Preto velho e pai Vicente.

Brasil da nega fogosa,

Que chega junto e te canta.

Da tímida metida à santa,

Que dar uma de gostosa.

Joga o cabelo e te goza,

Mais não é inteligente.

Dar uns dez passos pra frente,

Depois dar vinte pra trás.

Desde os tempos de Tomás,

Preto velho e pai Vicente.

Egoísmo e escravidão,

Entre senzala e favela.

De brinde teve a mazela,

De uma santa inquisição.

Jogam o lixo no porão,

Ele volta novamente.

No passado ou no presente,

Tanto fez ou tanto faz.

Os tempos de pai Tomás,

Preto velho e pai Vivente.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 29/09/2009
Código do texto: T1837483
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