O MENTIROSO DA BRECA

Um morador do sertão

Do sítio São Joaquim

Vivia contando seus causos

Estórias absurdas sim

Dizendo : São Verdadeiras!

É tudo começou assim:

Um dia eu estava a olhar o céu

Um clarão apareceu

Toda Terra se alumiou

Vejam o que aconteceu

Vi a enorme bola de fogo

Minha vista escureceu

Esfreguei com força os olhos

Estava tudo embaçado

Um bicho muito esquisito

Acenando exagerado

Era verde como a mata

Eu fiquei logo intrigado

Tinha na cabeça antenas

Uma tromba no nariz

Um olho no meio da testa

Bem grande da cor de anis

Muita saliva na boca

mais parecia um chafariz

Uma pele mui escamada

Nos pés apenas três dedos

A barriga muito inchada

Sua voz guardo segredo

Um rabo todo enrolado

-Sou macho! Não tive medo!

Eu parti logo pra cima

-O que é? Eu perguntei

O bicho foi baixou a crista

Outra vez eu perguntei:

-Perdeu alguma coisa aqui?

Vá passando...lhe avisei

Ele soltou foi um gemido

Sim, daqueles de assustar

-Ei fale baixo comigo

Se não quiser apanhar

Volte já pra sua nave

Tá na hora de zarpar

A criatura obedeceu

E voltou pra sua nave

É foi assim que aconteceu

Já acabei logo o entrave

Comigo é tudo certo

Resolvi mais esse impasse.

E pra não perder o rumo

Novos causos vou contar

Cada coisa que acontece

Não da nem pra acreditar

Sim, mas nada vou omitir

Vou a prosa continuar.

Eu não minto minha gente

Meu conto é qualidade

Outro dia em Cabrobó

Um caboclo já de idade

Apeou seu cavalo negro

Que voava de verdade

E no brejo de Areia?

Lá sim é que foi arretado

Conversei com u’a gravura

Era um quadro bem pintado

Pedro Américo o pintor

Faz anos que foi enterrado.

Lá na cidade de Souza

Tem parque dos dinossauros

Pra mim não é novidade

Pois não é um bicho raro

Vi de todo tipo e forma

Eu vi até um minotauro

Continuei o meu caminho

E passando por Sapé

A terra do abacaxi

Fui até lá andando a pé

Advinha com quem eu tava?

Com ele mesmo, o Pelé.

Noutra vez em Umbuzeiro

Augusto dos Anjos vi

Fomos tomar um café

Menino, num é que eu ri

Ele foi logo dizendo:

-Suas poesias já li.

Como falei nunca minto

E nem omito a verdade

Cada qual tem seu destino

Eu sou fiel, sou lealdade

Só é meu, meu desatino

Eu vivo a realidade.

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 24/11/2009
Código do texto: T1941632
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