TEMPO

O tempo segreda e cura,

limpa o sangue da ferida,

as defesas ele mura

com asas da própria vida.

Tem em seu sopro a lisura

que não prorroga a partida.

No silêncio da passagem

é passageiro invisível,

sem endereço ou imagem

faz o oculto ser possível.

Transformador sem montagem,

vence a batalha impossível.

Com o fio da indiferença,

sem ter molde, ele costura,

no saber tem sua crença,

não tem dor que ele não cura,

nem tem guerra que não vença,

TEMPO é o nome da figura.

No palco de sua rede,

badalando a sua marcha,

apaga a fome ou a sede

com um pincel de borracha,

troca a imagem da parede

sem ficar sinal ou racha.

O tempo parece um pai

e o filho só dá valor

quando o seu tempo se esvai

pelo túnel de um tambor...

Também quando a gente cai

e ele cura nossa dor.

Dáguima Verônica de Oliveira
Enviado por Dáguima Verônica de Oliveira em 19/01/2010
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