ENTARDECERES DE OUTONO
Entardeceres de outono,
velhas cortinas do medo,
baixem as guardas do tempo
e revelem o segredo
pra voltar a ser criança,
embebedar de esperança
e ver no mundo um brinquedo.
Reforce a trava da noite,
não deixe a tarde morrer
e que as chuvas outonais
plantem novo amanhecer,
abram portas para o sol,
que o brilho desse arrebol
revigore o meu viver.
Entardeceres de outono,
aproveite esse lampejo,
ouça a voz do meu suspiro,
pois grita em mim um desejo,
me cega a força do vento
e meu corpo em movimento
faz que eu sinta o que não vejo.
Entardeceres de outono,
pequenos olhos escuros,
queimem as asas do tempo
ou façam pequenos furos,
mas deixem o sol passar,
eu preciso extravasar
e romper esses meus muros.