A CACHAÇA DO MANO PEDRINHO

 (Milla Pereira)

 
Amigo, infelizmente,
Essa cachaça eu não trouxe.
Mas trago uma aguardente,
Que tem um sabor mais doce.
É do tonel, lá do canto,
Com as graças da Mãe de Santo,
Como se mel ela fosse.
 
Fiz um amigo por lá
Que queria a cachaça
Pagava o preço que há
De mais caro lá da praça.
Porém eu me recusei
A aguardente, guardei,
Pois pinga assim, não se acha.
 
Ela há de lhe servir
Nos momentos de tristeza
Se começar a sentir
O peso da natureza.
Quando a idade pegar
E a coisa não levantar,
Tome um gole, com certeza.
 
Ouvi um caso por lá
De um baiano arretado
Não queria levantar
A ferramenta, coitado!
A coisa ficou sem graça
Após tomar uma taça
O bicho ficou danado!
 
Mas, preste muita atenção,
No segredo desta pinga.
Tome cuidado, irmão,
P’ra não murchar a moringa.
Essa cachaça é benta
E você se arrebenta
Porque ela tem mandinga.
 
Se a patroa perceber
Você um pouco mamado.
Dê também p’ra ela beber
Um copinho, com cuidado.
Pois se ela exagerar
O bicho, então, vai pegar,
P’ra dar conta do recado!
 
Eu lhe envio amanhã
Por sua caixa postal.
É um presente de irmã
P’ra uma noite especial.
Leve os filhos p’ro cinema
E mande bala, sem pena,
De exagerar, no final!
 
 


OS AMIGOS CHEGAM
PARA AJUDAREM PEDRINHO
COM A MÁRVADA.

Essa cachaça é das boas

faz o amigo sorrir á toa

até depois da arruaça

quem neste cantinho vier

pode tomar uma taça

e eu garanto,faz até sair fumaça.

Para minha querida Milla

que é mineira,assim como eu

receito cachaça de minas

por ter o grande poder

de fazê veio ficá novo

e agradar este povo.

(franmello)

Há se a moda pega

vai tê bebum esparrado

pelejando pra todo lado

só pra vê se da conta do recado

E oia lá se pro malote

ou caixa postá

ocê mandá com certeza

inté o correio vão assartá!

(geraldinho do engenho) 

Minha amiga Milla Pereira

Que de mim nunca se esqueceu

Mesmo com aquela bebedeira

Que lá na Bahia aconteceu

Venho aqui lhe agradecer

Pela "mardita" você trazer

Pensando no maninho seu!

Ela deve ser bem gostosa

Conforme seu breve relato

Deixa a pessoa tão fogosa

Que arranha feito um gato

As muié nem imagina

Como tudo vai pra cima

Vou até variar de prato!

Acaba qualquer tormento

Com a "mardita" abençoada

Até cabrito vira jumento

E vai até de madrugada

Mas, a mãe de santo te avisou

Que um cabra exagerou

E a festa acabou em nada!

Você já enviou a "marvada"

Em breve, deve aqui chegar

Vou falar pra namorada

Pra depois não estranhar

Já deixar tudo preparado

O quarto todo enfeitado

E a nossa cama reforçar!

(Pedrinho Goltara)
 

Pra mim não tem mais remédio,

Meu o bicho já faleceu,

Já nem lamento este tédio,

E digo que nem era meu.

Se fosse não morreria,

E facilmente levantaria,

Conforme os desejos meus.

(Miguel Jacó)

   De cachaça eu nada entendo, 

Tem poder de reviver

a ferramenta cansada

de quem vive a padecer,

já que não serve pra nada.

Mas cuidado, vai com calma,

não tome demais da conta,

pois, senão, a própria alma

acaba ficando tonta.

 (HLuna)