O MAMÃO DOURADO – 12 versos
Das minhas lembranças vivas, sinto um gosto de mamão
Isto por que quando menino, eu ia com meu irmão
Trabalhar numa fazenda, que deles tinha uma porção!
Cada pé de mamoeiro, tinha frutas pra danar
Eu ficava admiraddo, por ver a árvore agüentar
Tantos pesados mamões, nas pencas sem despencar.
Os maduros apanhávamos, para ali saborear
Muitas vezes foram eles, a nossa fome matar
Pois a marmita vazia, era o nosso mal estar!
Um daqueles dias idos, ficou marcado na mente,
Pois um pé de mamoeiro, ficava numa vertente
Numa descida íngreme, que dava medo na gente!
Mas justamente em tal pé, havia um belo mamão
De tão maduro que estava, irradiava um clarão
Num colorido amarelo, que chamava a atenção!
Mesmo com dificuldade, arriscamos a apanhá-lo
Mas no terreno inclinado, houve um fato no embalo
Num tropeção que levei, rolei pra dentro de um valo.
O lugar era profundo, inóspito e perigoso
Diziam que muitas cobras, ali viviam com gozo
Já que bois e seriemas, não iam naquele bojo.
Meu irmão ficou lá em cima, sem saber o que fazer
O lugar era profundo, e escuro pra valer
Eu machucara a cabeça, numa pedra ao bater!
Uma vantagem eu tinha , na péssima arrumação
Pois na minha esperteza, eu apanhara o mamão
Mas que rolara também, pra dentro do Valadão.
Para me safar dali, tive assas dificuldade,
Além do medo das cobras, que eu não vi na verdade
Me restava caminhar, pra sair daquela herdade!
Depois de muito andar, em meio ao mato e tranqueira
Com meu irmão me seguindo, lá no alto pela beira
Cheguei num lugar que o valo, terminava numa eira!
Mas levava o mamão, pois era nossa vitória
Comemos ele todinho,com seu gosto na memória
Com isto fiz o cordel, para guardar como história!