EU SÔ ASSIM...- Cordel Matuto

EU SÔ ASSIM...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

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Eu sô poeta matuto,

cum nome de americano,

e sô fã, dotô fulano,

do linguajá puro e bruto.

P’ru nossa curtura, eu luto,

dia e noite, seu minino.

O interiô nordestino,

foi minha Universidade,

e chêi de felicidade,

me orgúio in sê nordestino.

Adoro dizê ôxente,

vôte, arriégua, danô-se,

tá réiado ô intão, lascô-se,

linguage da nossa gente.

Adispôi de um café quente,

um copo d’água gelada.

Sanfona disafinada,

num isfria o meu forró,

eu fico só o coió,

no finá da madrugada.

No verso, dô meu recado,

mais cum respeito profundo.

Arrespeito tôdo mundo,

prumode sê respeitado.

Jogo ais cunvenção p’rum lado,

posso inté ir mais além.

Eu m’inspiro no vem vem,

numa pôrda in disimbêsto,

sem pêia e sem cabresto,

sem ofendê a ninguém.

No chiado do mocó,

no andá de uma donzela,

no chiado da chinela,

se gastando num forró.

No aperrêi do brocoió,

num namôro no iscuro,

num sarro num pé de muro,

num abraço bem amassado,

nais lembrança do passado,

na incerteza do futuro.

Na isperiênça do idôso,

numa queima de espíin,

no cafuné, no caríin,

num colo fôfo e gostôso.

No côipo apititôso,

no oiá mais feiticêro,

da cabôca no terrêro,

qui faiz promessa safada,

oiando p’ru camarada,

p’ru luá e p’ru lagêro.

Na sua saia rodada,

no incruzado de perna,

nais fantasias eterna,

qui magino c’á danada.

Na manêra iscabriada,

no riso quage inucente,

qui féive o sangue da gente,

maginando a brincadêra,

iscutando a cachuêra,

caindo d’uma vertente.

Na apreensão do vaquêro,

quando sai prá campiá,

sem tê hora prá vortá,

lá do mato, o dia intêro.

Nuis dois fié cumpanhêro,

seu cachorro e seu cavalo.

Máscara, chucáio, badalo,

pêia e corda de laçá,

prumode disimpenhá,

sua função, sem abalo.

Nêsse cabra, qui no pasto,

in busca do baibatão,

mais seu cavalo e seu cão,

cura bichêra no rasto.

Cum seu linforme já gasto,

de guarda peito e gibão,

qui é orgúio do patrão,

quando vê sua boiada,

potregida e bem cuidade,

p’ru seu fié guardião.

Nisso tudo eu m’inspiro,

p’ru meu versado ingendrá.

Minha mente é um mananciá,

de onde meus poema, eu tiro.

Porém, muntas vêiz me viro,

c'á inspiração do momento.

O amô bruto do jumento,

é uma coisa naturá,

p’rá no meu verso, eu cantá,

sem ninhum cunstrangimento.

Num polemizo meu verso,

num distrato meu colega,

num sô chegado a refrega,

quero paiz in meu universo.

Muntas vêiz eu sô disperso,

nuis meus temas iscuído.

Inucente ô inxirido,

meus versos é chêi de paixão,

toca in muntos coração,

mêrmo se fô pervertido.

Sô matuto nordestino,

qu’iscreve verso de amô,

dispruvido de pudô,

lírico ô fescenino.

Se ôiço o batê do sino,

meu verso vira oração.

Faço letra de canção,

quage tôda madrugada,

p’rá minha musa adorada,

dona do meu coração...

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta

Da Acad. de Trovas do RN.

Da Um. Brás. de Trovadores-UBT-RN.

Do Inst. Hist. e Geog. do RN.

Da Com. Norte-Riog. de Folclore.

Da Um. dos Cordelistas do RN-UNICODERN.

Da Ass. dos Poetas Populares do RN-AEPP.

Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB.

Site: WWW.bobmottapoeta.com.br

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

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Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 17/10/2010
Código do texto: T2561482
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