Todas Simples Naturezas
CANTAREI PRA NATUREZA,
MATA A DENTRO, RISO EM FLOR.
Quando orvalho se anuncia,
Na manhã do meu rincão,
Tudo nasce: afloração,
Pra gemer com esse dia
Um sentido de alegria,
Transbordando de esplendor
Eu, somente agricultor
Dessa bela sutileza
Cantarei pra natureza,
Mata a dentro, riso em flor.
Bem-te-vi com belo canto,
Anuncia o sol divino
Quando mostra pro menino
Todo seu formoso encanto
Eu escuto e me levanto
Pra sentir o seu candor
Não contenho a minha dor:
Tão bem feito, que proeza!
Cantarei pra natureza
Mata a dentro, riso em flor.
A mangueira bem florida,
Espalhando sombra e paz,
Todo feio se desfaz,
Quem tiver o mesmo em vida
Quando o vento, em sacudida,
Nos espalha o seu teor,
Um perfume de sabor
Vem cheirando de pureza
Cantarei pra natureza
Mata a dentro, riso em flor.
O calor do sol, bem quente,
Faz da mata um brilho só,
Transformando a vida em pó,
Ressussita o pó dormente
E da luz do sol-poente,
Com vermelho saudador,
Sempre inspira um trovador
A rimar com mais leveza
Cantarei pra natureza
Mata a dentro, riso em flor
Lua nova ou lua cheia,
Vem minguante ou vem crescente,
Tanto faz, pro meu repente,
Faz jorrar por minha veia
Quem quiser ser qual sereia,
Ter seu canto de primor,
Eu lhe digo, sonhador:
“- Olhe a lua, a realeza!”
Cantarei pra natureza
Mata a dentro, riso em flor
A nascente do meu rio,
Transparente e tão simplória,
É pra mata sempre a glória
A deixar-nos mais sadio
Nessas curvas eu me guio,
Flutuando o meu amor
Dessa peça, eu sou ator
Que interpreta sem bruteza
Cantarei pra natureza
Mata a dentro, riso em flor
Nessa terra, tudo é vida,
É beleza em calmaria
São sementes de poesia,
Toda rima bem nascida
É a Terra Prometida
Que falou Nosso Senhor
Eu vou ser seu cuidador
Prontidão, sempre em defesa!
Cantarei pra natureza
Mata a dentro, riso em flor
O poeta cordelista
Faz nascer todas as cores,
Faz do ódio mais amores,
Sendo sempre um otimista
Vai dançando, qual valsista,
Com seu verso cantador
Quando quer ter mais valor
Ele implora a Vossa Alteza,
“- Cantarei pra natureza
Mata a dentro, riso em flor”.
João Rolim