A VIDA-MORTE-VIDA DO VELHO VAQUEIRO

APRESENTAÇÃO DO CORDEL:

“João Rolim e seu Velho Vaqueiro”

Quando Bob Marley caía doente; Mário Quintana publicava “Esconderijos do Tempo”; Terezinha Zerbini comemorava o movimento feminista, com mulheres se engajando na polícia militar, na ABL e Petrobrás; Doca Street saía da prisão onde ficara 3 anos pela morte de Ângela Diniz; assentavam-se pensamentos constitucionais na filosofia hegeliana. Era final de 1980, contemporaneamente à fervura desse caldeirão de fatos, migrava para Bahia uma promessa germinativa, cujo estado de monera, protista, fungi, plantae, animalia não era ainda absolutamente definida, mas em Salvador ia nascer João Rubens Agostinho Rolim, semente proveniente da árvore genealógica dos Rolim, situada nas baixas caririenses ensombradas pelo topete da Serra da Mãozinha e mordidas pelas dezembrinas rajadas invernais que animam os rurícolas para as semeaduras do feijão ligeiro que pretendem colher verde para o jejum da Semana Santa vindoura. João Rolim! Bisneto do político, profeta, poeta e fazendeiro Joaca Rolim, nasceu em Salvador/BA e criou-se entre Ceará, Sergipe e Piauí, onde está concluindo o curso de Medicina na capital Teresina. Embora na tenra idade tenha convivido com o folheto de cordel, lido no alpendre da “casa grande”, recitado pelos camelôs nas feiras, cantado pelos cantadores nas suas noitadas poéticas, só veio despertar para sua capacidade de compor, após ler “Patativa do Assaré” e descambar dos seus vinte anos de idade. Além de sonetos, poemas, pelejas, glosas e outras composições, o poeta João Rolim acaba de escrever este admirável trabalho - A VIDA-MORTE-VIDA DO VELHO VAQUEIRO – onde, em vários gêneros da cantoria nordestina (sextilha, oitavão-rebatido, galope-beira-mar...), historia o causo do vaqueiro Manel Prisco que acordou no claro da lua, bebeu água-de-quartinha, pensou na mulher amada, derramou seus lamentos sobre a seca e o seu abandono após ser demitido pelo patrão fazendeiro, a aproximação da morte e a derrota que sofreu em desafia-la, a viagem que fez achando que ia para o inferno, e sem esperar chegou no paraíso.... João narrou uma estória cheia de nuances, sem precisar advertir o leitor para as mudanças de assuntos, além disso, brincou com as palavras, explorou o bucólico/telúrico, criou uma lenda e contou uma realidade!! Parabéns, poeta João Rolim!!!

Por Daudeth Bandeira, em 16/06/2007*.

*Manuel Bandeira de Caldas, o Daudeth Bandeira, paraibano de São José de Piranhas, é poeta, mestre cordelista, compositor, escritor e advogado.

A VIDA-MORTE-VIDA DO VELHO VAQUEIRO

Ontem, quando enluarava

Com sorriso mesmo cheia

Já ventava de assubio

Dando em mim, por volta e meia

Frio de tremer o dente

Não se via alma ou gente

Só o chão com sua areia

Assistindo minha aldeia

Já dormindo de cansada

Se espalhando pelos cantos

Só se via a madrugada

As folhas dos Juazeiros

Dançavam pelos terreiros

A coisa mais bem coisada

Eu dei uma requentada

No sobejo do almoço

Acendi meu candieiro

Sem criar muito alvoroço

Fui pra perto da quartinha

Pus o quengo na cozinha

Bebi água do meu poço

Tava tudo muito insosso

O baião e a carne assada

Perdi toda minha fome

Fui tentar comer caçada

Mas fiquei entremunhado

Uns barulho, um enjoado

Só comi uma taiada

Minha casa é mobilhada

Tem dois quarto e uma rede

Uma esteira pra deitar

Em cada pé-de-parede

A cozinha lá no fundo

E pra não ser tão imundo

Tem a fossa, diga “quêde”?

E pra não morrer de sede

Eu já disse, tem quartinha

Com dois quengos no rebôco

Tu não visse? Mesmo tinha

Um caiu, quebrou o casco

Outro tem no meio um lasco

Culpa de uma queda minha

Já falei de Sinhazinha,

A mais bela formosura?

Era a flor do pequizeiro

Bem alvinha, uma brancura

Até ela me deixou

Tudo, tudo, piorou

E eu fiquei nessa amargura

Começando a desventura

Pela qual estou narrando

Eu me chamo Manél Prisco

Fui vaqueiro e doutorando

Nas artes de pelejar

E nos trunfos de domar

Nas terras de Seu Armando

Todos iam me invejando

Mas eu todo sorridente

Porque fui melhor vaqueiro

O mais homem no repente

Cabra que vinha enfrentar

Eu danava a açoitar

Deixava todo dormente

Já é dia, o sol nascente

Ouço os galos no terreiro

Foram eles que sobraram

Que ficaram em derradeiro

Todos bichos foram embora

E meus porcos caipora

Se mudaram do chiqueiro

E o meu pé de umbuzeiro

Já secou, ficou só talo

Uns galhinhos muito secos

Quando venta, faz estalo

Nem sombra se faz no chão

Nessa seca do sertão

Ele foi seu bom vassalo

Olho pra meu velho calo

Minhas rugas, meu gibão

Tudo velho, já faz tempo

Já morreu meu alazão

Fui vaqueiro destemido

Hoje vivo deprimido

Nessa sina de ilusão

As lágrimas que caem no chão

Adubam com sofrimento

O rincão que me sobrou

Com meu choro e meu lamento

Quando nasce uma florzinha

Ela murcha, a coitadinha

Não aguenta esse tormento

Todo o reconhecimento

Que eu tive um certo dia

Não valeu, ninguém se lembra

Não restou mais alegria

Meu patrão, um desonrado

Me deixou abandonado

Com a vida em agonia

Ele usou soberania

Pra acabar com minha vida

Tirou tudo quanto eu tinha

Minha roça e minha lida

E por isso vou vivendo

Ô, meu Deus, eu vou morrendo

Nessa fé, sem ter guarida

Essa é a vida bandida

De tristeza e solidão

De amargura e desventura

De adeus no coração

Só está mesmo me faltando

A Morte chegar falando:

“Vamos, Prisco, meu irmão”

Eu saí pro meu oitão

Levando o que me restou

A viola cantadeira

Foi meu pai que me ensinou

Sentei na quina de casa

Céu ‘tava correndo brasa

Quando alguém se aproximou

Dona Morte – “Vosmecê já duelou

Com alguém que é invencível?”

Foi isso que ela me disse

Com voz rouca e bem horrível

Eu não soube responder

Afirmei para ela ver

Sem ser muito desprezível

DM – “Soube ser tão infalível

Sua graça de ser bardo

Que mandaram vir aqui

Conferir o felizardo

Vou dizendo quem sou eu

Sou a Morte, um servo seu

Eu demoro, mas não tardo”

Manel Prisco – “Quando ouvi aquele alardo

Eu inteiro estremessi

Nunca tinha imaginado

Que chegasse por aqui

A Senhora dos Horrores

Rainha dos Matadores

Medo que nunca senti”

DM – “Todos dizem que perdi

A viagem que almejei

Eu venho de muito longe

Dum mundo que envenenei

Agora é o seu momento

Manel, eu só não lamento

Pois eu nunca chorarei”

MP - “Mas porque? Eu nunca errei!

Não carregue minha vida

Pois só resta essa tristeza

Que já pago sem pedida

Ô Senhora, por favor

Eu sou só um cantador

Com a sina já perdida”

DM – “Não posso, foi prometida

Sua alma ao sofrimento

Sou apenas cumpridora

Desse eterno mandamento

Diga adeus ao violão

Diga adeus ao seu sertão

É chegado o seu momento”

MP – “Dona Morte, o meu jumento

Não sabe viver sem mim

Eu que cuido, desde novo

Eu pra ele não sou ruim

Se deixar ele sozinho

Vai morrer o meu bichinho

Não vou ser nenhum Caim!”

DM – “Não, meu filho, o zepelim

Já está nos esperando

Ele vai levar nós dois

Para o mundo do Nefando

Você não tem mais escolha

Entre logo, não se encolha

Pois não peço, aqui eu mando”

MP – “Eu não estou lhe culpando

Dona Morte, não senhora

Mas eu tenho alternativa

Para não ir mais embora

Desafio a vosmecê

Não pergunte nem com o que

Pra tentar não ir agora”

DM – “Pois aceito sem demora

Nunca fui de ser medrosa

Qual a prova que tu queres

Pois eu sou mais poderosa

Manel Prisco, meu menino

Tu perguntas e eu te ensino

Nunca fui de ser manhosa”

MP - “Desafio para uma glosa

Eu mais tu e tu mais eu

Eu darei um belo mote

Tu darás um mote teu

E assim nós dois veremos

Nós não mais discutiremos

Se eu perder, serei ateu”

DM - “Pois é feito, meu plebeu

Eu sou ave de rapina

Pensarei num belo mote

Sobre fé ou medicina

Me responda bem ligeiro:

Nessa sombra do umbuzeiro

Plantarei a minha sina?”

MP - “Nessa terra de alegria

Onde Deus é o Criador

Não se planta mais a dor

Que maltrata e que agonia

Tudo, tudo é cantoria

Só tem dança e dançarina

Belas cores pra retina

Inspirando um violeiro

Nessa sombra do umbuzeiro

Plantarei a minha sina”

DM – “Nessa terra, sou teu guia

Pra levar-te pro torpor

Sou a filha do terror

Sou doença e nostalgia

Sou a vã filosofia

Espalhando essa neblina

O nefasto que te nina

O poeta sorrateiro

Nessa sombra do umbuzeiro

Plantarei a minha sina”

MP - “Eu perdi, não vou negar

Nesse mote condoreiro

Mas agora eu darei outro

Num cordel bem altaneiro

Será feito um Oitavão

Rebatido ao violão

Eu começo, vou primeiro:”

MP – “Não terei nenhuma pena

De ganhar, sou destemido

Eu, pra Deus, faço novena

Eu, pra tu, serei bandido

Não carece de chorar

Pois eu vou te dominar

Largo a te chicotear

No oitavão rebatido”

DM - “Não me faça te humilhar

Seu vaqueiro desnutrido

Sou a Morte e vou matar

Esse teu verso fingido

O meu barco já te espera

O sofrer já te venera

Tu és manso e eu sou fera

No oitavão rebatido”

DM – “Eu ganhei mais uma vez

Tu serás é destronado

Vou mudar o teu futuro

Vou de Quadrão Perguntado

Se quiser, desista logo

Pois eu, sempre, quando jogo

Deixo tudo ensanguentado”

DM – “Quem foi Deus para você?”

MP – “Foi meu Mestre Criador.

Qual o gosto de um amor?”

DM –“ É qual chuva de glacê.

Qual origem do “porquê”?

MP – “Foi nascido do “pois não”.

Quem foi nosso São João”

DM – “Foi, de Cristo, o mais amado

Isso é Quadrão Perguntado,

Isso é responder Quadrão”

MP – “Como se saber de tudo?”

DM – “Só olhar pra natureza.

Quem é o pai da malvadeza?”

MP – “Seu patrão, o Véi Chifrudo.

Pra que serve o sobretudo?”

DM – “Pra cobrir feito um gibão.

Quem comanda no sertão?”

MP – “Lampião, seu afilhado

Isso é Quadrão Perguntado

Isso é responder Quadrão

MP – “De um Quadrão, pruma Parcela

Serei eu todo vapor

Tu comigo não te aguentas

Teu futuro é sofredor”

MP – “Tu já conhece

Essa Parcela?

Disfaço a querela

E faço uma prece

Pois não padece

Quem sabe rimar

Eu vou comandar

Parcelando tudo

Pois sou tão sisudo

Vou lhe derrubar”

DM –“ Pra tu, não vai dar

Comando o cordel

Eu sou Menestrel

Em todo lugar

Apago o luar

Eu digo e comando

Sou quem e sou quando

Dos tempos remotos

Até terremotos

Eu faço soprando”

DM – “Querendo, desista logo

Comigo não tem parelha

Na Sextilha Agalopada

Eu apago sua centelha”

DM – “Tu és bom, mas eu mesmo sou melhor

Tu cantaste num canto parcelado

Eu, agora, começo um novo tom

Que destrói tudo quanto for prendado

Tu desiste ou concorda com a surra

Que te dou no meu verso agalopado?”

MP – “ Eu respondo seu verso mal rimado

E sextilho um galope bem selvagem

Não tem tema que eu nunca desenrole

Não tem rima que eu não tenha afinagem

Não tem pé-de-parede que eu não cante

Não tem macho que tenha esta coragem”

MP – “Agora, na caipiragem

Nas paixões dessa fogueira

Virei pássaro avoador

Pros amores, pra quem queira

Quem quiser viver mais eu

Ai, ai, ui, ui

Tem que ser na gemedeira”

DM – “Tenho aboio da fronteira

Entre o chão e o firmamento

Sou a mestra da ilusão

Sou geleira e aquecimento

Quem quiser ter um gemido

Ai, ai, ui, ui

Tirarei o acanhamento”

DM – “Seu Manel, divertimento

Tem em tudo que é esquina

Tem menino e tem menina

Mas aqui eu lhe aposento

Vi o seu empolamento

Quando lhe pus no revés

Treze, doze, onze, dez,

Nove, oito, sete, seis

Lá vai mais cinco e mais quatro

Mais um, mais dois e mais três

Eu papóco teu cordel

Viro bardo e menestrel:

O cantador de vocês!”

MP – “Dona Morte, não se iluda

Pois não sou de brincadeira

Chuto o fogo e a fogueira

Deixo você surda e muda

Dou-lhe pisa com arruda

No começo e no através

Treze, doze, onze, dez,

Nove, oito, sete, seis

Lá vai mais cinco e mais quatro

Mais um, mais dois e mais três

Pego a foice e corto rente

Pois sou rima e sou repente:

Sou cantador de vocês!”

MP – “Já cessou teu desalinho

Já estou a te humilhar?

Foste de Treze por Doze

Vais Galope a Beira Mar?”

MP – “A Morte chegou, mas não foi convidada

A vida, que é minha, será desse chão

Do solo e caatinga, do céu do sertão

A terra que canta, versando, amolada

Sou dela, não nego, sou dessa boiada

Sou sol de paixão e, de noite, um luar

Banhando de estrelas, a brisa do ar

Um ninho de amor, de sorrisos e abraços

O circo da vida, leões e palhaços

Eu sou o galope da beira do mar”

DM – “Sou mais que poema, sou prosa madura

O livro, o saber, o curar, o ferir

Sou verbo, sou nome, o chegar, o partir

Sou tinta e pincel, colorindo a pintura

Sou fim e começo, sou raso e fundura

Um prisma de cores querendo brilhar

Angústia ou calma, sou grito ou calar

A fúria que arrasa teu mundo infeliz

Eu tenho um reinado, menino aprendiz!

Sou gotas que embalam as ondas do mar!”

DM – “ Vamos num mesmo rojão,

Cantador desafinado

Cante sem sair do tom

Gabinete bem rimado”

DM – “Agora vou lhe amarrar

Não fuja desta cilada

Não grite, nem vá chorar

Segure nossa toada

Eu pego nas armas, lhe faço refém

Eu quebro seus versos, seus braços também

Você vai correr ou ficar com desdém

Eu canto xaxado, baião, xenhenhém

Será que se livra de mim, meu neném

Será que consigo levar-lhe pro além?

Mando, leia esse lembrete

Quem não canta gabinete

Não é cantor pra ninguém”

MP – “Arrespondo que não manda

Nem aqui, nem acolá

Eu percorro e tu desanda

Sou olhar do carcará

Eu rezo essa missa, tu dizes amém

Eu como de tudo, tu comes xerém

Eu tenho milhões e tu tens um vintém

Na briga, eu derroto, tu ficas aquém

Eu sou cafetão, e sou dono do harém

Ensino pra morte, mas ela, porém

Nunca escuta meu macete:

Quem não canta gabinete

Não é cantor pra ninguém”

MP – “Como um belo gavião

Traço tudo e te maltrato

Nessa Lei da Vaqueijada

Só canta quem é do mato”

MP – “Onde tem brilho, tem sol

Onde tem fogo, tem chama

Onde tem quarto, tem cama

Onde tem mar, tem farol

Onde tem peixe, um anzol

Onde tem luz, tem clarão

Onde tem jóia, um ladrão

Onde tem santo, um romeiro

Onde tem gado e vaqueiro

E corrida de mourão

Tem a Lei da Vaqueijada

E o que vale é boi no chão”

DM – “Onde tem Morte, tem vida

Onde tem vida, tem Morte

Onde tem jogo, tem sorte

Onde tem sorte, torcida

Onde tem vinda, tem ida

Onde tem boi, tem gibão

Onde tem um bom baião

Tem zabumba e sanfoneiro

Onde tem gado e vaqueiro

E corrida de mourão

Tem a Lei da Vaqueijada

E o que vale é boi no chão”

DM – “Esse teu verso é bem feio

Não tem força nem gingado

Quero ver se tu és homem

Num Martelo Agalopado”

DM – “Nunca temes, Manel, em cantoria,

Nunca choras de dor e acanhamento?

Pro Martelo, não tens conhecimento

Eu te digo, desista da porfia

Pois aqui, vai durar bem mais que um dia

Eu não canso, não sinto mais nem fome

Pois eu sou a cantora de renome

Que extremesse reinado enfraquecido

Não insista, pois já estás vencido

Sou vogal, consoante e sou pronome”

MP – “Eu desisto, ganhaste este duelo

Eu me entrego, de alma, corpo e mente

Eu te dou as palavras, meu repente

O Galope, a Parcela e meu Martelo

Dou até minhas rimas que mais zelo

A Sextilha, os Dez Pés e o Oitavão

Dou-te a Lei e ofereço o meu Quadrão

Dou-te até o meu belo Gabinete

Vou contigo no rabo do foguete

Quero apenas que estenda a tua mão!”

DM – “Eu venci, mas que emoção

Demorou, mas não falhou

Vou cumprir a minha sina

De levar quem já findou

Dou-te a mão e meu abraço

Foste um bravo que lutou!”

MP – “Eu e a morte, que ganhou

Viajamos sem parar

Por tão longas travessias

Pelos céus de outro lugar

Eu pensei: estou perdido

No Inferno eu vou ficar

Mas senti grande ofuscar

Que cegou minha retina

Um clarão vindo do céu

Com chuvinha e serpentina

Era festa do Chifrudo

Ou a Morte é bem traquina?

Avistei uma colina

Bem florida e esplendorosa

Tinha pé de Juazeiro

Bem-te-vi, jasmim e rosa

Mas que inferno mais estranho

Tinha a paz religiosa

Dona Morte, curiosa

Veio a mim, esclarecer

Com ternura em seu olhar

Que eu nunca hei de esquecer

Começou a me explicar

O que vim, aqui, fazer”

DM – “Seu Manel, é um prazer

Lhe trazer pro firmamento

Foram eles que pediram

Sua vinda ao Encantamento

Isso mesmo, está no céu

Livre do seu sofrimento”

MP – “Eu senti, no rosto, um vento

Refrescante e bem cheiroso

Vi um rosto carinhoso

Com um ar de acolhimento

Mas que maravilhamento

Não contive essa alegria

Eram mestres da porfia

Todos juntos, magistrais

Com seus pinhos e embornais

Numa Eterna Cantoria

Nessa bela academia

Tinha Pinto do Monteiro

Zé da Luz, o bom guerreiro

Com seus versos de euforia

Completando a poesia

Aderaldo e Zé Limeira

João Martins e João Ferreira

E pra luz da minha fé

Patativa do Assaré

Junto a Galdino Bandeira”.

*A VIDA-MORTE-VIDA DO VELHO VAQUEIRO foi contemplado com o 1º Lugar no Festival Cordel Cabrunquento, em Recife/PE.

João Rolim
Enviado por João Rolim em 30/10/2010
Código do texto: T2587284
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