O COPO, A MORINGA E O GALÃO - 24 tercetos
Um dia um andarilho, que ia por uma estrada
Sentiu fome e muita sede, no avanço da jornada
E não via pela frente, casas ou rios na beirada
Caminhando mais depressa, pra chegar em algum lugar
Sua sede aumentou, a ponto de não aguentar
E assim ele dormiu, antes de se saciar.
Sua angustia era tanta, que dormiu em variação
Foi uma espécie de sonho, mas era real visão
Quando viu vindo na estrada, um antigo caminhão
Ao chegar onde ele estava, o veículo parou
O motorista desceu, e dele se aproximou
E com carinhoso cuidado, boas palavras falou.
Em sua aflição de sede, do motorista ele ouviu
Que no caminhão tinha água, geladinha em um cantil
E o iria servir, pois necessidade ali viu.
Um copo médio cheinho, ao andarilho entregou
Quando ele bebia a água, a Jesus glorificou
E disse ao motorista, uma frase que alguém contou:
“Aquele que porventura, a um pequenino der a mão
Doando-lhe um copo d´água, pra avivar seu coração
Da misericórdia de Deus, receberá galardão”
Ao ouvir as citações, do andarilho da estrada
Pôs-se ele a ponderar, sobre aquela parada
Onde deu um copo d´água, sem em troca cobrar nada
O Motorista levava, muitos copos da bebida
Também várias moringas, que entregava em cada ida
Além de muitos galões, para a praça ser servida
No avanço do caminhão, outro andarilho avistou
Aquele caminhava firme, porém para ele olhou
Como se quisesse ganhar, carona por que acenou.
Parando seu caminhão, mandou o moço subir
Parecia um andarilho, mas tinha algo a cingir
Como se fosse um mistério, ali a se descobrir
O rapaz era um anjo, a mandado do Senhor
Para dar ao motorista, um recado de valor
Seria o galardão, pra já na terra dispor
Em três dias – disse o anjo - terás uma grande riqueza
Ela nunca vai acabar, pois a Providência almeja
Através de ti servir, muitos que só tem pobreza.
Adotarás um valor, para cada copo d´água
Para uma moringa, o dobro, do valor que nunca acaba
E para um galão, três tantos, do copo que tira a mágoa.
Cinquenta para o primeiro, para a moringa cem
O galão cento e cinquenta, real é o valor que tem
E vais distribuir aos pobres, pelos caminhos que vem
Lembre que estes valores, nunca podem ser mudados
E havendo inflação, devem ser recalculados
Sempre dando pra comprar, víveres em supermercados!
Saberás identificar, as várias necessidades
Tem aquelas que um copo, satisfaz toda a vontade
Porém tem as que precisam, de mais água e caridade
Podes então ir doando, todo o tempo sem temer
Sua riqueza do céu, sempre irá se abastecer
Dela tu desfrutarás, por contentes os pobres ver!
Tem aqueles que são ricos, nem sabem o quanto têm
Mas não dão um copo d´água, nem mesmo com um vintém
Porém não vivem felizes, ao pobre não faz o bem.
Lembrei-me neste cordel, de um tal de peleguinho
Que embora não seja rico, mas tem um grande carinho
E manda um entregador, levar água nos caminhos
Tem também um abençoado, que fica nos bastidores
Mas lá no grande sertão, é ele um dos benfeitores
Manda o mesmo entregador, levar água em tambores
Vou encerrando estas rimas, falando do copo d´água
Da moringa e do galão, que são levados às plagas
Onde num extenso serrado, têm secas porém sem mágoas
Eis então a definição, escritas num pergaminho
Um copo vale cinquenta, no trajeto do caminho
A moringa duas vezes, o valor com mais carinho
O galão por sua vez, tem da água três porções
E quem serve sempre tem, cheio os seus caminhões
Pois a Providência Divina, dá suas manutenções!
Pra quem vive em secura, em recônditos esquecidos
Quando ganham um copo d´água, por alguém oferecido
Dão glórias ao Deus vivente, por tê-los dela providos.