A SOMBRA DO JAVALI - 24 versos

A SOMBRA

Andei por muitos caminhos

Porém num, eu me perdi

O dia estava findando

A noite eu via ali

Como uma sombra gigante

Parecendo um javali.

O bicho se aproximou

Trazendo a escuridão,

Tive medo e corri,

Sentindo grande aflição

Pois não havia um lugar

Que me desse proteção!

A noite escura avançou

Na forma de um animal,

E por mais que eu corresse

Pra fugir daquele mal,

Meus passos eram em vão

Num desespero total!

Enfim eu fui abraçado

Pela negra escuridão,

No céu eu não via estrelas

Pra alegrar meu coração

Minha alma estava aflita

Pela grande confusão!

As luzes do firmamento

Em negridão se tornaram

O escuro era tanto

Que os meus olhos fecharam

Nem consegui mais abri-los

Pois pregados eles ficaram!

Só me restou deitar

Numa relva que eu não via

Ali eu iria esperar

Que amanhecesse o dia

Por certo javali

Com a noite sumiria!

Mas eu estava enganado

Pois vi o tempo passando

E a noite tenebrosa

Seu período prolongando

Até que a fome e sede

Foi meu corpo atormentando!

Diante de tais desditas

Resolvi me levantar

E em meio à escuridão

Meus passos continuar

Porém eu não sabia

Para que lado avançar!

Optei, nos seguimentos

Em meio à negridão,

Andar num rumo qualquer

Sem saber a direção

Mas logo caí num buraco

Oculto na escuridão!

O buraco era profundo

E nele eu fui caindo

Somente depois de horas

É que vi um clarão surgindo

Porém num vermelho estranho

Aos redores refletindo!

Minha queda vertiginosa

Por fim teve uma parada,

Pensei que estivesse morto

Pela queda inesperada,

Percebi que no centro da terra

Foi que fiz a minha estada!

O calor era intenso

E também minha aflição,

O escuro ali sumiu

E só ficou o clarão

Do fogo que calculei

Que era de um vulcão!

Confesso que no inferno

Me parecia estar,

Já que era um lugar quente

Que muitos vivem a falar,

Mas por que eu estaria

Em tão maldito lugar?

Será que eu falecera

Antes do escurecer,

E o tal de javali

Era a forma de algum ser

Que requisitara mim´alma

Pra no escuro padecer!

Com aquelas divagações

Eu me punha a ponderar:

Lutei pelo bem, e na Terra

Peregrinei sem parar

Sempre plantando a justiça

Para alguém se exercitar!

Mas ali estava eu

Em meio às trevas e calor

Também com um sofrimento

Que nem dá para dispor

Pois as palavras são poucas

Pra falar da grande dor!

Fui assim, para o inferno

No Hades da escuridão,

Que bem no centro da terra

Tinha a sua formação

Mas por que? eu quis saber,

Da minha própria razão!

Não obtive resposta

Do meu fraco pensamento

Entretanto vi uma corda

Descendo naquele centro

Com uma voz me falando

Que chegara o momento.

Eu deveria subir

Pela corda em questão

Pois eu já estava pronto

Pra mudar de posição

Iria subir para o céu

Numa nova direção!

Porém a incrível corda

Me deixou ao amanhecer

No mesmo ponto em que eu

Estivera ao anoitecer

Ali descobri que eu

Sonhara que fui morrer!

A luz do dia surgia

Com seu clarão ofuscante

Percebi que o javali

Fora a sombra de um monte

Que cobrira o por do sol

Em seu longínquo horizonte!

Mas aquele pesadelo

Serviu para eu pensar,

Que por mais que aqui façamos

Para o próximo ajudar,

Uma noite na escuridão

Todos iremos passar!

Ela é a sombra da morte

Que parece um javali,

Ninguém pode fugir dela

Pois há um decreto aqui,

Só depois da noite escura

Para o céu vamos *segui!