01 - Interráro seu Betão cun o cacete duro/ Interação da cumade Milla Perêra

Da série: O cacete armado!

Airam Ribeiro

Um sinhô xamado Betão

Era um véi muitio assanhado

O seu bixin carculão

Há tempo tava deitado

Um dia feiz u’a arruaça

Foi baxá lá na farmaça

Comprá rimédio pro danado.

Xegano disse seu Deli

Hoje manheci com vontade

Mais o bixin nun qué subi

Diz os povo qui é a idade

Eu quero tê u’a potença

Prele fazê cuntinença

Ao incostá na cumade.

Seu Deli foi na partilêra

Intendeu a necessidade

Pegô a piula azulêra

E contô logo a verdade

Meu caro amigo Betão

Coidado cum o coração

Esse é forte pra sua idade!

Pode mim da seu Deli

Se percupe quiço não

A finalidade disso aqui

É só pra min dá a tezão

Isso aqui sobe a curnixa

Logo logo ela ispixa

E xega de ispricação!

E o Viagra ele tomô

Qui indoidô seu Betão

Na hora dita nun guentô

Pois foi dimais a tezão

O rimédio qui é cuicido

Dexô o trem induricido

Porém morto o coração.

Seu Betão morto caiu

Sua muié xegô xorano

Quando foi veno surriu

A vida matô seus plano

Botô um pano pra cubrí

Aquela curnixa dali

Pra ficá imbáxo do pano.

Oia só qui sintinela!

Todos vei vê o seu Betão

Muitos ispiava da jinela

Aquele poste no caixão

O cacete tava armado

Todos isperava calado

A molecência do durão.

Paricia qui era de cimento

E xoradêra ali nun tinha

Quem oiava no momento

O surriso logo vinha

Sua muié surria e xorava

As vêiz inté se alembrava

Do tempo qui era novinha.

Vez in quando ela alisava

O rosto do seu Betão

E xorano inté suspirava

Ao passá no cacete a mão

Mas o povo qui tava ali

Logo cumeçava a surrí

Daquela triste ocasião

A noite xegava gente

De toda a zona rurá

A nutiça curria quente

Daquele ato fenomená

As moça a noite intêra

Oiava e pensava asnêra

A gente intendia o oiá!

Intonce xegô as ora

Da tampa tampá o caixão

Pois era ora de ir imbóra

O falecido seu Betão

Mais o pobrema ali xegô

Pois a tampa ninguém fexô

Tava teno um pobremão.

O cacete num mulicia

Para a tampa incaxá

As muié pegava e mixia

Afim de pudê ajudá

Os home também pegava

Para vê se ele incaxava

Mais nada do caxão fexá.

Dez preda alí puzéro

Inrriba daquela tampa

E lá foi pro cemitéro

Inté xegá in sua campa

A nutiça se ispaiô

Inté Milla o jorná foliô

Na linda capitá de Sampa.

Percizáro de um DNA

E déiz mêis passáro enfim

Ocêis vão min preguntá

Dizinterraro o corpo sim!

E óia só qui surpresa

O rimédio foi u’a beleza

O cacete inda tava durin.

A cumade Milla cuiêceu o famoso seu Betão e tomém falô um poquin desse ômi

U CAUZO DU SEU BETÃO

Seu Betão, môssu prendádu,

Qui agradava as muié

Módi eli sê bem dotadu

I fazia u qui quizé.

Mai um dia ôve inguiçu

Botáru nêli um feitiçu

O bixu ficô deitado.

Ôviu falá nu remédio

Qui fazia u tár subi

Pra saí daqueli tédio

Di novo tesão sinti

Pra agradà a Rosinha

Qui tava custumadinha

Bincá cume li i surri!

Seu Jusé, da drugaria

Falô assi: tomi um só

Vai li causá eufuria

I num vai tê trololó

U cacete vai cressê

I cum issu, indurecê

Na cabeça dá um nó.

Seu Betão, muitio afoitu,

Resorveu tumá uns trêis

Pra tê sucessu nu coitu

Apruveitá duma vêiz.

A mandioca indureceu

Eli nem apercebeu

U mar qui issu li fêiz!

Cumeçô indurecê

U pintu i suas mão

Num quiria amulecê

-Nossa Mãe da Conceição!

Gritava, muitio assustadu,

I u môssu bem dotadu

Ali mêmo foi morrê!

(Milla Pereira)

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 22/12/2010
Reeditado em 27/12/2010
Código do texto: T2686330
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