Canto do homi do sertão

Lá pras bandas da sordade

Onde vive dona solidão

Mora um sinhô de vontade

Seu nome eu num sei não

Só sei que dá medo e corage

Arrepio na sola do pé e da mão

Parece um veinho baxo

E uma sinhorinha de artura

Corre as vereda do sertão

Com tanta vontade e bravura

Semeia nas minha prantação

Sordade pra mais de lonjura

Eu fico do meu cantinho

Esperando ela avistar

No cantinho dos meu zoio

Que não pará de chorá

Verte água de tristeza

Nas noite do meu luar

Se eu falo assim ligero

É pro mode de num esquecê

Que pra ela num demorá

Basta o sapo aquecê

A sua cantoria na lagoa

Faiz nós se desintristecê

Cum suas gutinha serena

Faiz sorri meu coração

Vem chuvinha bem ligera

Moiá os meu pé de feijão

Prantado com muito carinho

Nas frontera do meu sertão

O nome do sinhô eu já sei

Me contô a dona chuva

Me falô bem baixinho

Sem usá meia, nem luva

Pruquê pra mode vivê

Fazendo vinho sem uva

O sertanejo já sabe

A hora de esperar

Pra esperança sem pressa

Poder lhe visitar

E molhar o seu sorriso

Que a lágrima deu lugar

O sinhô é o choro

A sinhora alegria

As pranta tão moiada

E já vai nascê um dia

Feijão, mio , cevada

Alegrando as cotovia!

Agora eu vou drumi

Pra acordá cum passarinho

Trazendo gaio pro gaio

Divagá faiz seu ninho

Eu que já sei o jeito

Gradeço a Deus o carinho!

Julia Rocha
Enviado por Julia Rocha em 11/01/2011
Reeditado em 25/05/2011
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