Pegano a galinha do dispaxo
Pegano a galinha do dispaxo
Airam Ribeiro 10/02/2011
Os zóios tava virado
Pra porta da macumbaria
Eu e meu amigo Job sentado
Lá nun banco ninguém nos via
Na porta um caminhão parado
Pelo qui via já lotado
E naqueles instante partia.
Disse pra Job intão
Vamos no carro pongá?
Nóis nun sabia qui o caminhão
Os macumbêro tava a levá
Para fazê um dispaxo
Pois inrriba tava um taxo
E u’a galinha preta no lugá.
A turma nem notáro
Quando nóis no carro pongô
Iscuitemo eles qui xamáro
Por um preto véi xangô
E fizéro a perparação
Deporna qui xegô o caminhão
No lugá qui cumbinô.
E foi deceno os pessoá
Arguns cum caximbo fumano
E cumeçô a perpará
Ao som dos tambô zuano
Lá forum pegá a galinha
Mas aquela avisinha
Do caminhão foi avuano.
Ai nóis intramo na dança
E fumo a galinha pegá
Lá tava as duas criança
A corrê pra cá e pra lá
Sem ela dispaxo num tinha
Ai nóis peguemo a galinha
E sentamo pra discansá.
E lá naquela incruziada
Só uvia som dos tambô
Fita preta avermeiada
Nos xamamento dun ta xangô
Vêio logo as mãe de santo
Que cantô logo um canto
E a galinha logo matô.
Vela aceza de toda a cô
Marafo pros beberrão
Qui nossos óios se arregalô
Lá in riba do caminhão
Vimo uma tá de mizifia
Trazêno a galinha na bacia
Qui botê ela no xão.
E tava lá na incruziada
Todo aquele povaréu
Canto e fumo na madrugada
E muito lindo tava o céu
Os seus santo de oração
Era são Cosme e são Damião
Que digo aqui no cordéu.
Nóis qui tava percurano
U’a festa para dançá
O que restô foi nóis axano
Um dispaxo pra cumpretá
E o caminhão infim xegô
Ali adonde nóis pongô
Sem sabê no qui ia dá.
Pra incurtá a história
Do dispaxo qui prezenciei
Qui nunca saiu da memória
Das coisas qui já traquinei
O meu amigo Job já morreu
Ocêis pode creditá ni eu
Tudo aqui o qui contei.