QUERMESSE (No tempo da inocência)

A bandinha anuncia Os lances para o leilão

Com seu alegre dobrado Está dando boa poupança

Que a quermesse inicia Tudo custa um dinheirão

Todo o mundo empolgado Qualquer insignificância

Vamos ao Largo da Matriz Quem dá mais! Quem dá mais!

Até os desanimados Apregoa o leiloeiro

Passar uma tarde feliz Geralmente quem dá mais

Pra voltar vitaminados É o Coronel Vergueiro

Quer fazer boa figura

Dessa festa popular Pra ser eleito vereador

Uma semana de alegria Não quer ter a desventura

Sons alegres a cantar De outra vez ser perdedor

Em homenagem à vida!

A divertir-se as crianças

Nestes dias, cidadezinha Não há dinheiro que chegue

Sempre quieta e pacata Gulodice enche a pança

Se enfeitou para festinha Não há ninguém que lhes negue

Com coloridas barracas É churrasco, é sorvete

Prendas foram ofertadas Cocada e refrigerante

Pelo comércio local Tudo para seu deleite

Quitutes, bolos, cocadas Tem até roda-gigante

Das doceiras sem igual Animação contagiante

Fazendeiro doou boi Até o tempo colabora

Para fazer o churrasco Ritmos alegram o ambiente

Nessa tregua vira herói Pra terminar não tem hora

Vista grossa ao carrasco! A festa beneficiente

A Senhbora do Prefeito, As noites são agradáveis

Forneceu as bandeirinhas É deliciosa a garapa

O vigário satisfeito Polkas e valsas dançáveis

Esqueceu as ladainhas Pois nem a vovó escapa

Muita renda o que deseja

Pois será bem aplicada Mas como diz o ditado

Na reforma da Igreja Tudo que é bom dura pouco

A Matriz remodelada! Quermesse agora passado

Talvez sobre para o órgão Somente um sonho louco

Trocar piano desafinado Que passou rapidamente

Ajudar o Lar dos órfãos Cidade volta ao normal

Com o leilão arrecadado! Tudo tão impressionante

Com sua calma natural

A barraca da Cigana Bandinha só vai tocar

É a bem mais concorrida Nas procissões e enterros

Pois ela tem muita fama Coronel a disfrutar

E é também muito vivida Companhia dos bezerros

As garotas querem ouvir Primeira dama retorna

Palavras sobre os amores À sua vida assistencial

As velhotas a sorrir E o Major toma a forma

Dos passados dissabores De candidato eleitoral

Os homens velhos e jovens As velhotas a bordar

Têm intenção mais sacana As jovenzinhas a sonhar

É a luxuria que os movem Homens ainda sacanas

Tocar na mão da Cigana! Suspiram: Ah! Que Cigana!

Pedro Gonzalez
Enviado por Pedro Gonzalez em 13/03/2011
Reeditado em 28/03/2011
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