Sou poeta de papel, sem repente e inspiração.
Sou poeta de papel,
sem repente e inspiração.
Não me diga que meu verso,
é metido a academia,
o meu verso é poesia
e na aljava bem conservo
e meu jeito em que converso
vai bem longe da razão
o meu verso tem paixão
feito um louco carrousel
sou poeta de papel
semrepente e inspiração.
Sou moderno reciclando
o passado do meu jeito,
diferente estufo o peito
e de prédios vou narrando
como um cego declamando
na mais turva imensidão
o meu verso tem clarão
sendo cobre meu cordel,
sou poeta de papel
sem repente e inspiração.
O meu nome é Marcel,
d'anjo torto protegido,
nesse mundo enlouquecido
sou poeta de papel
de sintético laudel
e tingido à carvão
versejando de antemão
nesse mundo incoercível
meu trejeito imarcescível
de repente e inspiração!