LOUCO DE MORRER

Lindolfo era um caboclo

De olhos arredondados

Tinha fama de ser louco

Era bem desengonçado

Também fumava cachimbo

Tinha sempre alguém sorrindo

Do seu jeito engraçado

Mas ele era pequeno

E tinha as pernas tortas

Tinha um vidro de veneno

Escondido atrás da porta

E quando algum malandro

Fazia-lhe uma chacota

Saia então xingando

Chutando o que ia vendo

E saltando cambalhotas

Chegava assim em casa

Gritando, eu vou morrer

Ninguém vai com a minha cara

Pois sou feio de doer

Vou beber este veneno

E quando estiver morrendo

Não venham me socorrer

Chorava que nem menino

Depois ria igual hiena

Quem estivesse assistindo

Aquela sinistra cena

Pensava dentro de si

Num ritual frenesi

O pobre se envenena

Mas o cabra era atrevido

Se passando por coitado

Já devem ter percebido

O que estava guardado

Lá dentro daquele vidro

Do qual eu tinha falado

Era só cachaça da boa

Que esse caboclinho à-toa

Havia ali camuflado

Passado esse motim

Lindolfo caia ao chão

Já vinham logo assim

Ouvirem o seu coração

Mas o cheiro da cachaça

Acabava com a trapaça

E com toda a embromação

Antonio Carlos Duarte
Enviado por Antonio Carlos Duarte em 05/04/2011
Reeditado em 05/11/2017
Código do texto: T2891062
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