EM DEFESA DOS CORNOS
Vou pedir ao meu bom Deus
Que me dê inspiração
Pra defender uma classe
Que sofre perseguição
E sem ter culpa de nada
Tem sempre condenação
Depois que ele pega a fama
É uma coisa sem retorno
Todo mundo manga dele
Causando grande transtorno
Quem eu quero defender
É o coitado do corno
Todo mundo já escreveu
Sempre fazendo piada
Achando que ser um corno
É uma coisa engraçada
Mas ninguém quer para si
Esta sorte desgraçada
De vários tipos de corno
Já fizeram a descrição
Detalhando todos eles
Com bastante precisão
Mas o corno é simplesmente
Quem sofre uma traição
Não sei nem por qual razão
Todo mundo lhe condena
Mangam do pobre coitado
Mas deviam sentir pena
Pois a culpa é da mulher
Que pôs nele a antena
Quando falam da mulher
É sempre em pé de ouvido
- Está vendo aquela ali?
- Dizem que trai o marido
Porém ninguém manga dela
Mesmo sendo merecido
A mulher recebe o nome
Que vem no dicionário
Dizem que ela é adúltera
E o corno é otário
Agora vem a defesa
Nesse texto literário
Vou descrever neste texto
Os tipos de traidoras
Para que todos conheçam
Quem são as enganadoras
Que traem os seus maridos
De forma devastadora
Tem a traidora doida
Que quando trai o marido
No quarto com o negão
Faz um enorme alarido
Que até o seu juízo
Fica todo dolorido
Tem a traidora ingrata
A que nunca reconhece
Mesmo que o pobre marido
A ela de tudo desse
Só os presentes do negão
É que ela agradece
E agradece ao negão
Do jeito mais agradável
Fazendo amor com ele
Com vontade inesgotável
Nem se lembra do marido
Que é um homem respeitável
Tem a traidora avoada
Que faz grande confusão
Faz até troca dos nomes
Na hora da traição
Não sabe se está traindo
O marido ou o negão
Tem traidora econômica
Adora fazer poupança
Guarda a grana do marido
Pois lhe resta a esperança
De que se for descoberta
Sai com toda segurança
Tem traidora negativa
Sempre está de baixo astral
Desanima o marido
Pra relação sexual
Quando sai com o negão
Tem animação total
Outro tipo é a ciumenta
Que adora fazer cena
Iludindo o seu marido
Que é pra ele sentir pena
E a danada ficar livre
Para safadeza plena
Tem também a social
Apresenta o negão
Dizendo pro seu marido
- Ele é mesmo que um irmão
E os três tão sempre juntos
Em toda reunião
Vão à casa dos amigos
Mostrando muita amizade
Todo mundo desconfia
Daquela intimidade
Só o pobre do marido
Não vê nada de maldade
Tem também a caridosa
Gosta de fazer bondade
Ao ver um belo rapaz
Passando necessidade
Cuida logo em fazer
Pra ele uma caridade
Trata o rapaz com carinho
Dá-lhe colo e atenção
Diz pro marido não ter
Nada de preocupação
Pois só cuida do rapaz
Por pena e compaixão
Tem a traidora que guarda
Fidelidade ao negão
Só transa com o marido
Por pura obrigação
Só atinge o orgasmo
Pensando no Ricardão
A que é religiosa
Sabe que em pecado está
Mas quando vê o negão
Não pode se controlar
Nem o medo do inferno
A impede de pecar
Tem também a moderninha
Usa de sinceridade
Conta tudo pro marido
Com toda simplicidade
Diz para ele encarar
Com naturalidade
A pior é a vagabunda
Debocha do seu marido
Ela diz pra todo mundo
Que ele é um corno convencido
Que ele é ruim de cama
E que o chifre é merecido
Por isso, caro leitor
Não deboche de um corno
São as mulheres safadas
Que causam este transtorno
Não respeitam seus maridos
E neles botam adorno.