Faça igual que eu quero ver...* Autor: Damião Metamorfose.

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Mote: Edmilson Garcia, glosas: Damião Metamorfose.

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Nasci pelado e sem dentes

E cresci quase desnudo.

Hoje eu sou um cabeludo,

Me visto e faço repentes.

Fui mordido por serpentes,

Que eu mesmo as deixei morder.

Faço o que quero fazer,

Quem me diz vá, eu não vou.

Quer ser assim como eu sou...

Faça igual que eu quero ver!

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À noite eu não faço a nada,

Se fizer sai tudo errado.

Ao dia, fico entocado,

Não ponho o pé na calçada.

A mulher, de mão beijada,

Nada me deixa fazer.

Me chama de bem querer,

Diz que eu não sou vagabundo.

Faço inveja a todo mundo,

Faça igual que eu quero ver!

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Fui eu mesmo que escrevi

O tal sermão da montanha.

Não vejo como façanha,

Mas depois que assisti.

Os peixes eu reparti

E dei pro povo comer.

Os pães não posso dizer

Qual o fermento que usei.

Achou que exagerei?

Faça igual que eu quero ver!

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Eu fui passear na lua,

Fui a pé, fui caxingando

Num pé só, e fui voando

Montado numa perua.

Encontrei a lua nua,

Fui obrigado a descer

Na terra para tecer

O pano do seu vestido.

Ah! Esse ai eu duvido,

Faça igual que eu quero ver!

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Sem a menor confusão,

Tomei a serra do Serra,

Falei que na minha terra,

Ele vai serrar o cão.

Dei a Ele extrema unção,

Sem ser preciso morrer.

Botei Lula no poder,

Ponho Dilma e Lula sai

E aqui a Vilma cai

Faça igual que eu quero ver!

*

Candidatei uns falidos,

Pobres de marré necí.

Depois de eleitos eu vi,

Que já eram corrompidos.

Troquei por dois falecidos,

Botei os dois no poder.

Mas fiquei triste ao saber,

No dia da eleição.

Que também eram ladrão,

Faça igual que eu quero ver!

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Vou ser eleito em Dubai,

Estou deixando o Brasil.

Aqui já fui mais de mil

Vezes, mas essa não sai.

Eu sei que a casa cai,

Se acaso eu me eleger.

Não vão me deixar vender

E eu pretendo vender tudo.

Já que não posso, eu me mudo,

Faça igual que eu quero ver!

*

Já comi camaleão,

Teiú, corró e preá.

Tatu, cutia e gambá,

Sanduíche pão com pão.

Bebi caldo de feijão,

Mesmo antes de ferver,

Pai disse: esse vai morrer.

Mãe disse: não, eu duvido!

Vai crescer forte e sabido...

Faça igual que eu quero ver!

*

Eu já andei de jumento,

Sem cabresto e sem cangalha.

Já comi rasga mortalha,

Cozido e bem suculento.

Não como mais no momento,

Mas se precisar comer

Eu como, não por prazer,

Mas pela necessidade.

Estou dizendo a “verdade”,

Faça igual que eu quero ver!

*

Ensinei a Lampião

Toda esperteza e malicia.

E ajudei a policia

Na sua perseguição.

Uns dizem que é traição

O que eu fiz para viver.

Eu não quero nem saber,

Se um político me chamar.

Eu ensino ele a roubar,

Faça igual que eu quero ver!

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Sempre fui assim, pacato,

Não sou de modernidades.

Mas já fiz varias cidades,

Sem desmatar nenhum mato.

Despolui um regato,

Tietê: ouviu dizer?

Só prometo pra fazer,

Sou assim não tem quem mude.

Se eu só fiz o que pude,

Faça igual, que eu quero ver!

*

Fim.

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Material copiado na comunidade (Metamorfose Cordel & Poesia) e adaptado para Cordel.

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http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=28562031

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Não somos os melhores, mas os nossos poetas são ótimos e únicos no que fazem.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 14/06/2011
Reeditado em 14/06/2011
Código do texto: T3034703
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