A TESOURA ENCANTADA - 24 versos

01 Certo dia quando eu ia

Por uma estrada seguindo

Eu via lá na distância

Algo ao sol reluzindo

Parecia estar perto

Para onde eu ia indo

02 Pensei em avançar depressa

Que a distância encurtava,

Porém do tal objeto

Perto dele eu não chegava

Por mais passos que eu desse

Lá longe continuava!

03 O caminho em que eu ia

Era trilha empoeirada

Contendo terra vermelha

Pela seca esturricada

Minhas sandalhas atolavam

Marcando minha jornada!

04 Meu pensamento era fixo

No reflexo que eu via

Mas andei por meia hora

Depressa como podia

Para chegar ao ponto

De onde o brilho saía!

05 Para a minha surpresa

Uma tesoura eu vi

Tinha aspecto de nova

Foi o que percebi

Era toda niquelada.

Por que estaria ali?

06 Talvez alguém a perdera

Tive aquela conclusão.

Assim eu a apanhei

Para ter ela na mão

E se encontrasse o dono

A devolveria então!

07 Mas ao pegar a tesoura

Um forte choque levei,

Com aquele acontecimento

Confesso que me assustei,

Mas minha curiosidade

Com aquilo avivei!

08 Com cuidado, novamente

Propus-me nela tocar,

Desta vez não tomei choque

E pude assim contemplar,

Que a notável ferramenta

Tinha algo singular!

09 Pois vibrava em minhas mãos

De maneira impressionante,

Parecia que era viva

Por ter a força vibrante,

E tinha beleza rara

Pela clareza brilhante!

10 Em meu ir de peregrino

Fiz ali uma parada,

Sentado sob uma sombra

Do barranco da estrada,

Com a tesoura nas mãos

Parecendo encantada!

11 No tempo em que ali estava

Avistei dois caminhantes

Que vinham pela estrada

Por onde eu andara antes

A tesoura em minhas mãos

Dava estralos constantes.

12 Entendi que eram avisos

Em códigos a me dizer

Que eu não ficasse ali

Pois poderia ocorrer

Dos caras serem bandidos

E me fariam sofrer!

13 Diante do meu receio

Procurei dali sair

Com a tesoura vibrando

Mas sem deixa-la cair

Fui me esconder num buraco

Sem mesmo eu refletir!

14 Pude ver que aquela dupla

Fez parada onde eu estava.

Um assunto sobre a tesoura

Um com o outro conversava

Minha dúvida aguçou

Pois pra eles ela assombrava

15 Mas para que serviria

Um tesoura encantada?

Entretanto na conversa

A questão foi revelada

Ela era pertencente

A um crente da quebrada!

16 Eles haviam assaltado

A casa do evangelista,

Lhe roubaram objetos

E coisas de maior vista

Inclusive a tesoura

A qual deixaram na pista!

17 Pois apos aquele roubo

Ficaram em confusão,

Ao saberem de fatos

Que lhes trouxeram aflição

Quem mal possuísse a tesoura

Tinha só tribulação.

18 Eu fiquei admirado

Quando tudo eu ouvi,

Pra devolver a tesoura

Ao dono me decidi,

Só me restava saber

Onde o encontrar por ali!

19 Esperei que aquele par

Composto de meliantes,

Se afastassem dali

Para eu seguir avante,

A fim de encontrar o dono

Da tesourona brilhante!

20 Por dois dias eu andei

Por aquelas cercanias,

Até encontrar por fim

A casa que eu queria

Morada do crente, a quem

A tesoura pertencia!

21 Fiquei sabendo da história

Da tal tesoura encantada,

Que deu choque nos bandidos

Que se viram em enrascada

Tiveram que a abandonar

Naquele trecho da estrada!

22 Meu encontro com a tesoura

Foi uma obra arranjada,

Pela oração do crente

Que a fez brilhar na estrada

Já que na realidade

Era velha e enferrujada!

23 Daquele fato marcante

Eu tive bons resultados

Pude ter com tal tesoura

Meus caminhos retalhados

A má sorte foi cortada

E meus caminhos costurados!

24 Hoje após quarenta anos

Daquele acontecimento

Tenho desejo e saudades

De um novo movimento

Onde a tesoura da sorte

Me traga contentamentos!

25 Ela cortou os laços

De erros e desventuras

Me direcionou a Deus

Com minha alma mais pura

Na tesoura, Jesus Cristo

Me deu a maior ventura!