LEI DA PALMADA

Não tendo coisa mais séria

para em lei ser aprovada,

o Congresso tem matéria,

por lá, rolando, encalhada

e, vai-se ver, é miséria

– a dita “Lei da Palmada”.

Nasceu do Lula a bobagem

ou dos mandões do seu lado?

Proposta de barbeiragem,

peta de desocupado,

de senador sem bagagem

ou calhorda deputado.

Por essa tal Lei citada,

pai nenhum toca no filho

e nem a mãe dá palmada;

inda que mais tenham brilho,

um dedo na gurizada

dá bode e jejum sem milho.

Claro!... Bater num miúdo,

maltratar um inocente,

aí já se manja tudo

da cabeça de um demente.

Peste assim merece estudo

– mais que ruim, é doente.

Agora, vir o Congresso

botar lei contra a palmada

é bobeira, que nem meço,

humor de se dar risada;

avanço que é retrocesso,

mesmo lei humanizada.

Pai que é pai anda na linha:

dar maus-tratos é tortura

e, nesse caso, a vizinha

tem na voz a grande cura,

denunciando a mesquinha

malvadez da ditadura.

Hilária, a “Lei da Palmada”,

de modernosa invenção,

mixórdia já malfadada,

tanto que sem combustão,

pois que nascida queimada,

sem do povo aprovação.

Com tantas, neste País,

o Congresso vem com essa!

Pois vá do mal à raiz:

corte gastos e, depressa,

dê lições de boa atriz,

a pôr projetos na peça.

Levei, mas não dei palmada,

outras mais eu levaria;

no bumbum, nem doeu nada.

Minha mãe, de mão macia,

nunca se mostrou malvada

e meu pai nem me batia.

Um guri (macho ou menina)

bota sentido aos convites:

não vá plantar-se na esquina

ou com os pais impor palpites.

Se merecer, quem ensina?

A palmada põe limites.

Fort., 21/06/2011.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 21/06/2011
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