Galopando da Bahia à Mato Grosso

Eu vim da Bahia, para o Mato Grosso

Por cima das nuvens, num cavalo alado

Sem medo de chuva, de ficar molhado

Com dezessete anos, inda muito moço

Mas muito valente, tremendo colosso

Na gibeira tinha, tudo que precisar

Espada, escudo, se eu fosse pelejar

Eu vi as estrelas, eu vi os cometas

Eu vi asteróides, todos os planetas

Cantando galope na beira do mar.

No terceiro dia, já quase anoitinha

Fiz uma fogueira, na beira da estrada

Comendo farofa, com nambú assada

E ao Pé-de-vento, dei só a farinha

Com água da bica, era tudo que tinha

Tirei-lhe a cela, para descansar

Já estava suado, de tanto voar

Pertinho do sol, outrora da lua

Comigo montado, na cacunda sua

Cantando galope na beira do mar.

Do sertão eu vim, para o Pantanal

Matei muita cobra, também jacaré

No meu alazão, com Deus minha fé

Fumava um pito, feito em jornal

Se a chuva caía, e apagava o tal

Guardava no bolso, para não molhar

Pois dava trabalho, pra outro enrolar

Depois ascendia, com o calor do sol

Pois esse era eu, o Edilson Biol

Cantando galope na beira do mar.

Achei uma briga, perto de Goiás

Pois vinha um sujeito, sem ter direção

Ele era um piloto, ruim de aviação

Mas minha peixeira, mostrou-lhe o que faz

Eu vinha tranqüilo, na boa, na paz

Só dava um tiro, quando ia caçar

Não tinha inimigo, naquele lugar

No céu o que tinha, era os urubu

E quando descia, tinha a surucucu

Cantando galope na beira do mar.

No sétimo dia, cheguei no Araguaia

Enfim descansei, em uma pousada

Guardei a gibeira, escudo e espada

Vi uma morena, numa mini-saia

Que até Pé-de-vento, relinchou na baia

Eu me aproximei, para cortejar

Aquela chinoca, quis me namorar

Passamos a noite, fazendo amor

Na areia da praia, com a minha flor

Cantando galope na beira do mar.

Depois desse dia, num quis ir embora

Da terra querida, que vivo hoje em dia

Abençoado por Deus, e a Virgem Maria

Trato meu alado, sem uso da espora

E assim eu vou indo, por favor, não chora

Se um dia quiseres, comigo encontrar

Tomar umas pingas, e história contar

Não vai faltar pouso, nem vai sentir sede

Estarei na varanda, deitado na rede

Cantando galope na beira do mar.

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 21/07/2011
Reeditado em 21/07/2011
Código do texto: T3108875
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