Um Diamante

No auto das montanhas

Acinzentadas pelo outono

Brotou uma gema do mais puro carbono

De reluzente beleza; pureza em suas entranhas.

Despencou linda pedra lá do auto

Até atingir rolando o leito quente do asfalto

Caminhão passou e espirrou a jóia para longe

Nenhum risco nela fez,

Em nenhuma de suas facetas

Já que dela, eram onze

Onze horas...nada! Umsilêncio do

Mais puro respeito

A pedra calou o passarinho!

Parou o coração do Canarinho

Que trazia dentro do peito

Um alento pela sua amada!

Ocorre que onde estava o pequinino

Era uma árvore em fruto

Como pode, um ser tão menino

Morrer de um jeito tão bruto?

Á...ou seria a paixão?

Jóia mais preciosa do amor

Que bate no peito e deixa no chão

Um peito, um corpo por ela tomado...sem calor?

Passaram

Sete horas...

Sete dias...

Sete anos...

Ou sete heras...

Veio o caboclo colher das goiabeiras

Frutos maduros para pó-los nas fruteiras

Tropeçou na pedra reluzente

Tão dura a pedra que era, deixou o dedão doente.

__Quem poderia aqui colocar sem aviso

Tão bonito pedaço de vidro?

__Levarei esse vidro bonito pro Chiquinho brincar

E se ele não gostar...

Há!...que largue lá, em qualquer lugar...

Pelo menos, nesta pedra, mais ninguém vai tropeçar!

Os olhos do menino se encheram de brilho

Num instante...

Quando viu; se identificou com a pureza

De tão lindo diamante

Fez caixinha de papelão, com tampa e com tudo

Revestiu o pequeno cofre do mais fino veludo

De rublo-carmim, vermelho, o veludo era

Como vermelha vida, que preenchi seus sonhos

Que no coração espera...

Passaram sete anos...

E ele aguardava e guardava

A pedra preciosa em segura aljava

Com flechas certeiras

Para quem atinasse em cometer asneiras

Um diachegou...o dia que chegou

Olhava as mocinhas faceiras

Um rosto...um olhar que gostou

Maravilhosa Mariazinha, de lindo andar

E doces maneiras

Seu coração bateu forte por aquele gostar!!

__Finalmente vou tirar meu diamante,

Meu tesouro, do lugar!

Vou dá-lo a Mariazinha... e ela...

Logo, de mim vai se enamorar!

Mariazinha por Chiquinho suspirava

Entrevia nas estrelas o amor que se avolumava

“__Chiquinho, meu queridinho!”

__Com ele quero me casar de papel passado...

...Tudo direitinho...

De amar Mariazinha, Chiquinho não sabia

Como um doce amor, pode virar triste sina

Com gesto arrebatado,

Para seu tesouro dar a amada

Pôs o diamante no bolso do lado...

Coitado do rapaz, não atinava

Que daquele dia para sempre

Viveria desnorteado...

__Mariazinha, se casares comigo,

Dou-lhe meu mais sincero diamante!...

Mas a menina, começou do menino...

O mais terrível castigo

__Então é assim que me veneras?

...Se declara a mim com um suposto diamante...

Mas na verdade...é vidro, vagabundo e farçante?

__Mereço é mais...vai lá na esquina...

Ver se tem alguém que te esperas...

Do Chiquinho, o chão desabou

Apagou-se a luz...

Só se ouvia ao vento negro que a ti

Ó morte, conduz...

Serran-se as cortinas... o show acabou...

O último toque das mãos dela na sua,

Foi quando tirando dele a pedra

Atirou-a no chão da rua, mas a pedra não quebrou

Despojou o pobre menino de qualquer sentimento

Deixando sua alma nua.

A Dor fez desaparecer para sempre

O menino que havia no poeta

Mas como aquela jóia era puro brilhante,

Gritou:__”Não morre!! Vive a vida...Desperta!!!

Chiquinho agora, não é menino, é homem

Usa das dores vividas, um lapidar de tesouros,

Das dores que a quase todos consomem

Ele, o Chico, faz dos versos seus Louros.

O mesmo diamante que matou o canarinho,

Também deu no peito do Chiquinho

Pois é uma Dor que não dói e deixa... qualque um

De quatro no chão...essa doce, sofrida...desejada paixão.

Opus Sewaybricker
Enviado por Opus Sewaybricker em 25/12/2006
Código do texto: T327696