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O Causo das Cobra Trocedôra!
 
 
Acá! Hoje eu vô contá um causo procês, mais vai tê qui sê um causo piqueno, móde eu pudê contá bem digêrin!

É purquê eu tenho um compromisso marcado. Daqui a puquim eu vô lá pra casa do meu Cumpade Zé Caulo, móde nóis assisti um jôgo do Cruzêro, na televisão nova qui ele comprô.

Cês num repara não, mais o dia qui o Cruzêro joga, eu quaje qui num cunsigo fazê mais nada! Mió qui um jôgo do Cruzêro, só um jôgo do Cruzêro no mêi duma pescaria! Cês já ispromentô?

Cês num sabe o quê cocês tá perdeno!

 
O úrtimo jôgo de futiból qui eu iscuitei, pelo ráidio, na bêdurri, teve inté trucida de cobra! Cês prestenção, qui eu vô contá o causo.
 
E êsse causo, eu quero dedicá pro meu Cumpade Rildo Moura, brasilêro, minêro e cruzerense arretado, qui mês morano lá nos Istado Zunido, num dêxa de assisti um jôgo do Cruzêro!
 
Antão, procês tudo e, mais ainda, pro meu Cumpade Rildo Moura,
 
O Causo das Cobra Trocedôra!
 
Cupade, eu peço a paláva,
Móde contá uma façanha
Qui aconteceu comigo,
Nunca vi coisa tamanha!
Num foi caus de canturia,
Nem repente, nem puisia,
Foi, foi uma pescaria,
Num tal de Ri das Piranha!

 
Tem pescadô qui se acanha
De levá pá bêdurri
Muitha coisa, mutha traia,
A móde se diverti.
Já eu, nun sei sê anssin,
No dia quêu tô afim,
Eu levo inté meu raidin
Quêu gosto muntho de ovi.
 
Barraca, móde drumi,
Pudeno, eu levo tomém!
Cuzinha, eu levo compreta,
Pois eu cunzin muntho bem!
Levo gaiz e fugarêro,
Levo tudo qui é tempêro,
Levo luz de candinhêro,
Farta nada pra ninguém!
 
Apois, antão, muntho bem,
Eu arrumei minhas traia!
Pois sem arrumá, eu sei,
Qui a coisa bem num trabaia.

E fui pá tal pescaria.
Mais fui só, pois Zacaria
Na hora, diss qui nun ia,
A móde um rabo-de-saia.
 
Ele, antão, foi pa gandaia,
E eu sigui meu camim.
Sem ligá muntho praquilo,
Quem tá cum Deus, num é sozin.
Apotregido do sol,
Joguei nágua o meu anzol,
E, pra iscuitá futiból,
Eu liguei o meu raidin.
 
Purquê, cumigo, é anssin:
A móde qui sô minêro,
Aprecêio futiból,
Gosto muntho do Cruzêro,
Quano eu tô nas pescaria
Meu raidin me oxilia
A iscuitá, cum aligria,
Um futibolzin manêro!
 
O ráidio é bão cumpanhêro,
Eu sempe levo um, nas traia.
Ocê ovino baxin,
O barúio num trapaia.
E ali, naquele dia,
Tava do jêit quêu quiria,
Futiból e pescaria,
Bem mais mió qui gandaia!

Dibaxo de parma e vaia,
O Cruzêro, nesse dia,

Jogava conta o Framengo,
E eu pescava e trucia.
O azol, já bem iscado,
Nágua fria marguiado,
Mas o gôl, esse danado,
Cumo os pêxe... não saía!

Premêro tempo já ia,
Zero a zero, no pracá.
Os pêxe num biliscô,
E eu ali, só no  isperá.
Segundo tempo começa:
E o Cruzêro, cum pressa,
Me pregô foi uma peça,
Quano um gôl deu de tomá!

 
Pois Fábo dexô passá
Uma bola rastirinha,
Qui um tár de Lóve chutô,
Quaje qui inriba da linha.
São Jusé do Mamulengo!
Um a zero pu Framengo!
Sem chôro, sem vela ô dengo,
Pá maió tristêza minha!

Mai a surprêza inda vinha,
Ali, nessa ocasião.
Dondé qui vinha, eu não sei,
Mas ôvi um baruião!
Parecia uma trucida,
Gritano, chêia de vida,
Toda prosa e cunvincida:
- É gôl, é gôl do Mengão!!!

Meu Padin Ciço Rumão!
Eu fui preguntano anssin,
Mô Deuso, mais quê qui é isso?
Pois eu tô aqui sozin!...
De onde vem essa folia,
Os grito, as canturia,
Que tanto me arrelia,
É o mundo, que tá no fim?

Nessa hora, Sinhôzin,
Foi que eu dei de oiá pá tráiz!
E rezei, digêro, o Credo,
Não sei cuma fui capáiz!
Pois ali, nesse lugá,
Mais de cem cobra corá,
Num barulhão de lascá,
Gritava, quebrano a páiz !

Elas gritava dimais:
Viva, Viva, meu Mengão
Inda cantava e dançava,
Na maió das confusão!
Eu saí foi nas carrêra
E foi a vez derradêra
Qui iscuitei jôgo na bêra
De corqué um reberão!

Êsse causo, Meu Patrão,
Sinhô pode aquerditá!
Afirmo qui é verdade,
Saiu inté nos jorná!
De mentira eu nunca usei,
Mais, porém, agora eu sei
Purqui é prêto e vermêi
Côro de Cobra Corá!!!

 
Cê duvida, Sêo Môço? Antão... cê cria corage, e sai pur essas bêra de ri, caçano cobra corá! Se ocê achá uma, que nun sêje preta e vermêa, eu compro ela caro! E, se ela fô azul e branca, eu pago dobrado!
 
Quero mandá um forte abraço pro Meu Cumpade Rildo Moura, lá nos Istado Zunido! Ói, Meu Cumpade, campião, êsse ano, nóis num vai sê mais não. Mais caí pra sigundona, nem pensá! Deuzuliviguarde!
 

Muitho obrigado ocês tudo, que todo dia tá aqui mais eu, no Compdre Lemos Pontocom. E num isquece de vortá amanhã, não, viu. Vórta sim, purque amanhã tem mais!

 

 
Fraterno abraço,
Compdre Lemos

Próximo Causo:
Compadre Lemos
Enviado por Compadre Lemos em 14/10/2011
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T3277298
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