Veríssimo de Melo, um Folclorista Potiguar

Autor: Marciano Medeiros

A cultura potiguar

Precisa ser defendida

Temos nomes valorosos

Que nos ofertaram a vida

Construindo trajetória

De maneira decidida

Uma pessoa querida

Deve ter jeito singelo

Vou falar num cidadão

Que teve coração belo

Era o nobre folclorista

Senhor Veríssimo de Melo

No Brasil verde amarelo

Ele nasceu em Natal

No ano de vinte e um

Numa data especial

Aos nove do mês de julho

Houve alegria geral

Teve um saber sem igual

Seu nome correu o mundo

Logo estudou num colégio

Chamado Pedro Segundo

Onde lhe deram as sementes

De humanismo profundo

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Sem sentimento iracundo

O pesquisador viveu

Quando o tempo foi passando

Ingressou no Atheneu

E no Rio de Janeiro

A PUC lhe recebeu

Nova cena aconteceu

Não desistiu do seu plano

Veio estudar em Recife

No solo pernambucano

Pra ser ali transformado

Num bacharel soberano

Fez esforço sobre-humano

A recompensa chegou

Ainda em quarenta e oito

Veríssimo então se formou

E no cargo de juiz

Em sua terra ingressou

Noutra função trabalhou

Na cidade de Natal

Também foi procurador

No âmbito municipal

Ali conseguindo ter

Brilho profissional

Já no setor cultural

Deu aulas com alegria

Na capital natalense

Trouxeram filosofia

E na velha faculdade

Expôs etnografia

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Também antropologia

Veríssimo lecionou

Igual os sábios de Roma

Grande público cativou

Por ser mestre inesquecível

Seu nome não se apagou

No jornalismo lutou

Fez artigos singulares

Começou pela República

Ali renovando os ares

Sempre ofereceu lugar

Pros autores potiguares

Teve gestos exemplares

Sendo muito genial

Colaborava também

No Diário de Natal

E na Tribuna do Norte

Teve espaço sem igual

Este cidadão legal

Conseguiu ter casamento

Dona Moemi Noronha

Realizou esse intento

A união conjugal

Produziu melhoramento

Com todo comedimento

Geraram três descendentes

Fernando, Silvio e Monique

Sempre viveram contentes

Por terem pai escritor

Com obras inteligentes

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Nas produções competentes

Seu nome se projetou

Muitas dezenas de livros

O Veríssimo publicou

A vasta correspondência

Ligeiramente aumentou

Para multidões falou

Sempre dizia a verdade

Foi um redator bacana

De muita simplicidade

Lhe chamava de Vivi

Quem tivesse intimidade

Gostava da liberdade

Sem ter rosto carrancudo

Sua marcante cultura

Foi decorrência de estudo

Onde formulava teses

Falando quase de tudo

Já o professor Cascudo

O maior nome daqui

Falava com bom humor

Sobre o corpo de Vivi

Dizendo: – Um cara tão magro

Pode se esconder num I

Houve lindo evento aqui

Na cidade de Natal

No ano dois mil e onze

Numa data especial

A Prefeitura lembrou

Do potiguar genial

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Este evento sem igual

Foi atitude decente

O senhor Roberto Lima

Com Severino Vicente

Organizaram o encontro

Que atraiu muita gente

De modo bem competente

Aos vinte e dois de agosto

Chegando até vinte e seis

As palestras deram gosto

Pois o nome de Veríssimo

Por todos foi recomposto

Então no mês de agosto

Diógenes da Cunha Lima

Proferiu bela palestra

Realizando obra prima

E Leide Câmara no palco

Botou Veríssimo pra cima

Pois sua obra colima

Para o mar do conteúdo

Bem depois Dorian Gray

Falou sem ficar sisudo

Ali também discorreu

Ana Maria Cascudo

Severino trouxe estudo

Dum tema da conferencia

Augusto Júnior e Serejo

Falaram com competência

Já Deífilo e Paulo Lopo

Demonstraram experiência

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Com bastante diligência

As falas se alongaram

Valério Mesquita e Woden

Ali se apresentaram

Odúlio e doutor Enélio

Brilhantemente falaram

Outros nomes não faltaram

A semana foi composta

Então Jurandyr Navarro

Falou de forma bem posta

E o povo muito animado

Ouviu Gutenberg Costa

Foi acertada proposta

A tal comemoração

Pra relembrar de Veríssimo

Que viveu com emoção

Seu colega Iapery

Também fez explanação

Teve a maior projeção

Engrandecendo o Brasil

Um livro do escritor

Fez sucesso varonil

Esse trabalho famoso

É o “Folclore Infantil”

Vivi nunca foi hostil

Era bastante fiel

A cultura nordestina

Teve nele um menestrel

Intenso pesquisador

Do folheto de cordel

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Teve importante papel

Gastando tempo e dinheiro

Pra colecionar folhetos

Por esse Brasil inteiro

Sobre a vida de Tancredo

Ex-governante mineiro

De modo muito ligeiro

Ele engrandeceu o mundo

Nessa parte do cordel

Gerou trabalho fecundo

Juntou diversos livretos

Sobre João Paulo Segundo

Foi jornalista profundo

Bom redator sem ter manha

Publicando vários textos

Nos jornais da Alemanha,

França, Itália, Portugal

E até na linda Espanha

Inteligência tamanha

Precisamos relembrar

Quase chegava a cem livros

Que conseguiu publicar

Tão grande capacidade

É preciso destacar

Com seu trajeto invulgar

Por nossa literatura

Veríssimo de Melo foi

Uma gigante figura

Sendo um nobre diretor

Do Conselho de Cultura

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Outra homenagem pura

Fizeram de coração

Para um homem que viveu

Sem cultivar ilusão

Seu nome está numa escola

De Felipe Camarão

Sempre andou pela nação

De maneira singular

Explanando obra importante

Num estilo popular

Um pesquisador tão nobre

Precisamos resgatar

O cidadão exemplar

Teve muita cortesia

Fizeram-lhe secretário

Da bonita Academia

De letras em nosso Estado

Essa tarefa exercia

Falando com nostalgia

Do marcante companheiro

Diógenes da Cunha Lima

Verte pranto verdadeiro

Junto a Gutenberg Costa

Pesquisador altaneiro

E no trecho derradeiro

Nas rimas deste cordel

Me despeço dos leitores

Lembrando o mestre fiel

Que em noventa e seis deixou

Nosso planeta cruel.

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E-mail do autor: marcianobm@yahoo.com.br

Marciano Medeiros
Enviado por Marciano Medeiros em 24/10/2011
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