O SEQUESTRO DE MANILLI
01 Há fatos acontecidos
Que marca a mente da gente
Com um que ocorreu
Comigo, numa vertente
Quando só, eu caminhava
Sem ter um rumo sequente.
02 Pela estrada que eu seguia
À esquerda eu avistava
Uma intensa mata virgem
Que muito me admirava
À direita, um gramado
Com relva que até brilhava.
03 Eu seguia distraído
Quando um lamento escutei
Vindo de dentro da mata
Que de longe contemplei
Era uma grande reserva
Protegida pela lei.
04 Parei a minha andança
E fiquei a assuntar
Se ouvisse mais gemidos
Na mata eu ia entrar
Para ver quem estaria
Ali dentro a chorar
05 Nos segundos que ali
Eu punha minha atenção
Pude ouvir novamente
A triste lamentação
Era de voz feminina
Que estava em aflição.
06 Sem ter medo, e decidido
Na densa mata eu entrei
Me embaracei em cipós
Mas deles desvencilhei
Até ver numa clareira
Um fato que me assustei
07 Numa árvore, amarrada
Uma jovem contemplei
Ela ficou apavorada
Quando ali me apresentei
Minhas roupas eram trapos
E tinha barba de rei
08 Eu levava num surrão
Um pedaço de pão velho
Que eu catara no lixo
No povoado de Tramelo
E dentro de uma garrafa
Água do rio Amarelo
09 Com voz suave falei
Para a linda donzela
-Não tenhas medo de mim
Pois não caio em esparrela
E não faço mal algum
Nem pra ele, nem pra ela.
10 Enquanto a desamarrava
Ela então me contou
Que dois bandidos a pegaram
E um, pra mata a levou
O outro foi pedir resgate
A seu pai, que assustou!
11 Ele era um fazendeiro
Por aquela região
Mas que não tinha dinheiro
Pois fazia plantação
O lucro, nos financiamentos
O banco passava a mão!
12 Perguntei pelo seu nome
Disse que era Manilli
Estava muito faminta
E muita sede ali
Assim dei o pão pra ela
E da água que eu bebi!
13 Depois me acompanhou
Pela estrada em questão
Imaginem um andarilho
Com trapos, barba e sujão!
Caminhar por uma via
Com uma bela visão!
14 Com o término da história
Tive a sorte mudada
Pois salvei a bela moça
Daquela feia enrascada
Entreguei-a pra família
Onde me deram morada!
15 Pude pois, mudar de vida
Trabalhando na fazenda
Com o tempo me casei
Com aquela linda prenda
Encontrada numa mata
A quem dei minha merenda!
16 Mas o que mais gostaram
Foi minha investigação
E entregar à polícia
Os bandidos da questão
Livrando o pai de Manilli
De dispor de um dinheirão!
17 Nesses dezoito versos
Eu narrei veraz história
Em meu tempo de andarilho
Sem casa, comida e glória
Mas Deus mudou meus caminhos
Só ficaram na memória!
18 Não tenho mais barba grande
E nem me visto com trapos
Meu trabalho é administrar
Os negócios e contratos
Meu sogro não deve mais
A fazenda é um lindo prato!