O SEDUTOR SURUBINENSE

Nas terras da vaquejada

Onde nasceu Chacrinha

Mora um camarada

Naquela cidadezinha

De família de primeira

Filho de uma cabeleireira

E de um ex-policial

Estudioso e trabalhador

Graduou se professor

Também na área judicial

Ele é um amigo do peito

Paquerador como ninguém

Tem lá seus defeitos

Como todo mundo tem

Veja só o que eu digo

Os peitos pra esse amigo

Tem uma outra faceta

Sendo sincero sem dó

Me expressando melhor

Ele é amigo é das tetas

É moça, mulher, menina

Tipo nenhum se enjeita

Bastava ser feminina

Ainda que seja mal feita

Sua única exigência

É que ela tivesse paciência

Para lhe ouvir até o final

Com o mínimo de beleza

Somado a delicadeza

Para ele era ideal

Num precisa nem de clima

Pra prática de sua paquera

Ele seguia certa rotina

Veja o esquema como era

De donzela até à puta

Com ele não tinha desculpa

Ele dominava a fera

Observe bem as etapas

Há o risco das tapas

Mas um beijo o espera

Um homem de sapiência

Leitor da revista Veja

Valia se de sua ciência

Ao busca o que deseja

Se leva um fora, ajeitava

Um papo na hora arrumava

Vencia com lábia famosa

Pois no fim ia ser feliz

Encangado nos quadris

De quem caísse na prosa

Como parte de sua tática

A festa tem que ter forró

Não é uma dança acrobática

Mas ninguém o dança só

A vezes no meio da festa

Ele franzia a testa

Com sua olhada marota

Embriagado ou não

Saia na multidão

Voltava com a garota

Mulher é caso sério

Pra qualquer brasileiro

Mas não há muito mistério

Só é seguir o seu roteiro

Mesmo sendo robusto

Arrumava um par de busto

E logo se esquentava

“Nunca fiquei no zero

A não ser quando eu quero”

Ele mesmo explicava:

“Um leve toque no braço

Arrancando um arrepio

Um convite eu a faço

Em seguida um elogia

Sigo naquela rotina

Dançando com a menina

Enquanto ao pé do ouvido

Vou jogando a conversa

Sem demora e sem pressa

Cada vez mais envolvido”

“Muitas trocas de sorriso

Voz máscula e segura

A cada olhar um aviso

Comunicação pura

Se ainda não dé certo

Você tem que ser esperto

E tentar quebrar o gelo

Faça umas perguntinhas

Mesmo besta com gracinhas

E claro, elogie o cabelo”

Pra pagar seus pecados

Que não eram poucos

O destino foi traçado

O deixando quase louco

Se foi de Deus a punição

Confesso que não sei não

Não tenho muita certeza

Porque essa situação

Parece coisa do Cão

Armada com destreza

Lhe surgiu uma morena

Moça santa, religiosa

Delicada como pena

De curvas pecaminosas

A combinação perfeita

Ela uma moça direita

Sábia, de palavras ternas

Havia uma contradição

Era fina de criação

Porém grossas nas pernas

De beleza sem igual

Morena cor de canela

De um corpo escultural

Com ares de uma donzela

Longos e negros cabelos

Parecia mais uma modelo

Quando caminhava a toa

Voz mansa e educada

A aliança estava formada

Era o pecado em pessoa

Parecia dar casamento

Eles namoravam em casa

Tentação a cada momento

Nos namoros como brasa

Vejam tamanha ironia

Que o destino fez um dia

Por um motivo complexo

Mesmo fiel a religião

Poderia até viver sem pão

Mas não podia viver sem sexo

O Karma de todo homem

É contra toda razão

Pois na carne, há fome

De cair em tentanção

Diante daquela beleza

Da divina natureza

Acuda Anjo Gabriel!!!

Pobre homem apaixonado

Totalmente condenado

A não conseguir ser fiel

Deixando a sua amada

Acabou o seu namoro

De uma forma delicada

Sem lágrima e nem choro

Agradecendo a Deus

Ele segue os sonhos seus

Sem lamentar a sua cina

Agora é que tá virado

Pois ele faz seu mestrado

Pros lados da Argentina

Passado certo tempo

Depois de muita labuta

Veio o amadurecimento

Pra esquecer das puta

Imaginem minha surpresa

Quando vi em cima da mesa

Um matrimonial convite

Raparigaguem? Não mais

Agora, um sério rapaz

Quem quiser que acredite.

André Riceliano Melo em 03/12/2011