O JARDIM OCULTO

01 Foi numa noite escura

Que ia em uma jornada

Avistei uma cidade

Por lâmpadas iluminada.

Em meia hora cheguei

E pelas ruas entrei

Andando pela calçada

02 A medida que eu seguia

Sem ter um certo destino

Ia vendo nas vitrines

Belezas que iam surgindo:

Em grande variedade

Joias e utilidades

Sob as luzes refletindo!

03 Em meu avanço cheguei

Num quarteirão muito escuro

Não havia uma lâmpada

Para iluminar os muros,

Por um eu ia beirando

Mas sempre observando

Pra não cair em apuro.

04 Eu fiquei admirado

Por ver a escuridão

E vi que em plena cidade

Houve uma aberração:

Um jardim apareceu

Num negrume como breu

Que dava até aflição!

05 Meus olhos viam apenas

Das plantas os seus formatos;

Mas as flores perfumadas

Eu sentia no olfato

Contudo a escuridão

Me dava má impressão

E até medo, de fato!

06 A medida que eu ia

Naquele jardim entrando

Eu tinha a sensação

De que estava voando

Mas eu tinha ansiedade

Para ver na claridade

Onde eu estava passando

07 Aquela anomalia

Não podia ser verdade:

Um jardim na escuridão

Bem no centro da cidade?

Parecia em mistério

Ser praça de um cemitério

Ou jardim da eternidade!

08 Com passos silenciosos

Caminhei por meia hora

Até não ver cidade

Que eu deixara lá fora

Por fim fiz uma parada

Numa régia encruzilhada

Já com vontade ir embora

09 Mas se eu era um andarilho

Para onde eu seguiria?

Assim resolvi ficar ali

A espera de raiar o dia

Mas a noite se prolongava

As horas lentas passava

Me dando até agonia!

10 Em meu triste desencanto

Pela forte escuridão

De repente eu vi surgir

Um homem sob um clarão

Seria do jardineiro

Ou até mesmo um coveiro

Pra aplicar a profissão?

11 Ele tomou um rumo

Vindo pra onde eu estava

Sua iluminada mão

Às minhas logo tomava

Fiquei leve como o vento

E para o firmamento

Vi que ele me levava

12 Entre as estrelas passei

Pelo espaço e imensidão

Até que depois de um tempo

Vi no profundo, um clarão

Era o tal de Paraíso

Onde só os de bom siso

Com Cristo para lá irão!