Galega Sarará

Desde que nasceu

Quando abriu os óio

Sua mãe a viu

Lhe pôs no peito

Dos zoinho azul

Do cabelo crespo.

Desde pequeninha

Muito espevitada

Não oiásse prá ela

Que queria encrenca

Perguntava logo

Se queria endereço e foto.

Era bem lorinha

Do cabelo loulo

Atenta a tudo de bom

Mas também de ruim

Não tava nem aí

Quem lhe achasse prego.

Eta sangue quente

Sempre a resposta ali

Na bucha, e na hora

Gostasse quem gostasse

Dava no mesmo

Já nascera assim.

Seguiu desse jeitinho

Prá vida toda, não criou juízo

Quem não gostasse

Que se lascasse

Até o coitado do Papa

Que a engolisse.

Foi, foi, foi...

Levando a vida

E ela também levando

Casou-se com um moço destrambelhado

O caba não contou conversa

Arrancou-lhe o couro.

Fora então que o mingau desandou

Ela puxou a faca peixeira

Tirou-lhe um bife da orelha

O sangueiro espirrou no ventilador

E a coisa ficou feia

A PM foi chamada.

E a galega sarará

Não ligou prá nada

Foi dançar no baile a noite inteira

Rodopiou pelo salão

Deu tanto encontrão

Nos negros de Moçambique.

A moçada detonou aos gritos

_ Galega sarará, galega sarará...

Nesse momento

É que não houve conversa

Começa aí a zoada

E não presta a parada.

Era negro prá todo lado

Parecia mais uma boiada

Uns caiam de mau jeito

Outros, eram pisoteados

E a galega nem aí

A festa enfim fora decretada.

O estrupício sarará

Era mesmo danada

Dura na queda, a safada

Não há quem dê jeito nela

Somente a mortalha

Ousará mudá-la.

Lourdes Limeira
Enviado por Lourdes Limeira em 14/01/2012
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