Estas são coisas da vida De quem vive no sertão

Levantar cedo e rezar

Para a Virgem Padroeira

Botar água na chaleira

No fogão pra esquentar

Depois de o café coar

Corta um pedaço de pão

Bota dentro do gibão

E se manda para a lida

Estas são coisas da vida

De quem vive no sertão!

O velho pega a semente

E o filho abre a cova

Pra fazer rocinha nova

Debaixo de sol bem quente

Reza à Deus que de repente

Acabe logo o verão

Que a chuva caia no chão

Pra não lhe faltar comida

Estas são coisas da vida

De quem vive no sertão!

Como um fio de navalha

Afia a sua enxada

Deixa na sombra encostada

E enrola um fumo na palha

Pra seguir sua batalha

Sempre faz sua oração

Come o arroz com feijão

Depois dá uma dormida

Estas são coisas da vida

De quem vive no sertão!

Quando chega o fim do dia

Vai pra casa e descansa

Na esposa ele faz trança

E escuta a Ave Maria

A candeia alumia,

Acaba com a escuridão

E esquenta o coração

Desta gente destemida

Estas são coisas da vida

De quem vive no sertão!

Chega cansado da roça,

a filharada o apoquenta.

Porém ele não esquenta,

entra no clima da troça

e faz a festa na choça.

Com a viola na mão

fala do amor, da emoção

pela família querida.

Estas são coisas da vida

de quem vive no sertão.

(Gilson Faustino Maia)

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 17/01/2012
Reeditado em 05/06/2012
Código do texto: T3445927
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