Candidatos, Votos e eleição (O folclore político)

Olha eu aqui de novo,

Cantando verso certeiro,

Fazendo deleite do povo,

Este povo brasileiro,

Tão carente de poesia,

Tão preciso de alegria.

Tão preciso de festa,

Para afastar a tristeza;

E se governo não presta,

E faz tanta safadeza,

Melhor é cantar repente,

Desmascarando essa gente.

Meu prezado eu lhe digo,

Que tem gente enganadora,

Dando uma de amigo,

Mas é gente embromadora;

Lhe dá tapinha nas costas,

Mas a faca está é posta.

Toda ela bem enterrada,

Num golpe bem traiçoeiro,

É o golpe eleitoreiro,

Dessa gente descarada;

Que a gente só vê agora,

Depois some, se evapora.

É candidato demais,

Todos querendo mamar,

Mas do seu voto rapaz,

Muito eles vão precisar

Veja o que você vai fazer,

Pra não se arrepender.

É candidato a vereador,

Cem por cento, analfabeto,

Mas dizendo que é doutor,

Explicando circunspeto,

Que o diploma comprou;

Ora vejam se isso é certo.

Outro, todo esvoaçante,

Viado que só ele só,

Diz que dá o fi-ó-fó,

Pegando tudo que é rola,

Até na do besta do eleitor.

Cai ele, no conto do baitôla.

Outro que é cem por cento,

Honesto por natureza;

Ora, isso eu não agüento,

O cabra com toda certeza,

Direito ele tem que ser,

E não precisa dizer.

Um outro diz assim:

Ruim por ruim vote em mim.

Esse filho de uma égua,

Devia era se lascar,

Correr umas duzentas léguas,

De penitencia pra pagar.

Um candidato a prefeito,

Tirando uma de sábio,

Assim todo perfeito,

É olhado de soslaio;

No discurso afirmou,

Que a eleição já ganhou.

Dando uma de porreta,

Xingou o adversário;

Meteu nele a marreta,

Chamando-o de salafrário,

Mas as mãos dele estavam,

Figadas que nem estalavam.

No discurso se empolgou,

Dizendo que ali estava,

Como um homem salvador,

E que apenas bastava,

Ganhar a mísera eleição,

Pois ele era a redenção.

Outro querendo reeleição,

Pediu aos eleitores perdão,

Pelos erros do passado;

E que pedras atirasse,

E assim procedesse,

Quem nunca tivesse errado.

Escutando estava um bêbado,

Trôpego que nem um gambá,

Certeiro, atirou sem mirar,

Uma pedrada, um torpedo;

Que foi na testa pegar,

Do candidato embusteiro.

Abriu-lhe na testa um sulco,

Com o sangue a escorrer,

E o candidato maluco:

Seu bebum o que é isso?

Perguntou-lhe sem temer:

Essa pedrada era preciso?

O bêbado lhe respondeu:

Não foi você quem mandou?

Pois não é problema meu.

O candidato lhe retrucou:

Cara, você nunca errou?

O bêbado lhe respondeu:

Dessa distancia meu caro,

Eu nunca errei não,

Posso estar encharcado,

Mas pedra na minha mão,

Vai pra o lugar mirado,

Como pouso de um avião.

Uma certa candidata,

Em eleições de outrora,

Discursando empolgada:

No Massacará boto um pé!!!

Sendo grande oradora,

Disse assim com toda fé:

O outro em Euclides da Cunha...

- E o Cipó no meio está!!!

Grita um gaiato assistente,

Em silencio não se punha,

Na frente de tanta gente,

Foi gozação de repente.

Coitada da candidata.

Até hoje ela é gozada;

Por toda rapaziada.

Falar no Cipó prezada,

Tem que ter muito cuidado,

Pra não ficar retardado.

Tipos e tipos eles todos,

Tornam-se folclóricos assim,

Não pensem que são tolos,

Sabemos o que eles querem,

Dizendo: Votem em mim,

Vamos todos me elegerem.

Mas depois que se elegem,

Dão banana ao eleitor.

Todos eles se escondem,

Vivendo no seu bem bom.

E quando são encontrados,

Dão o dedão pro’s coitados.

Os contos continuando,

Dos burros candidatos,

Tem o de um engraçado,

Que estava num palanque,

De madeira todo armado,

Veja só qual o enfoque;

Que deu o bom camarada,

Pois assim se reportou,

Bradando assim num urro,

Que no palanque falava,

Todo armado de pau-duro,

A madeira que o agüentava;

Mas o cabra se referia,

Ao Palanque lá da praça,

E a madeira que o fincava.

Mas só ele que não via,

A gafe que cometia,

E o povo rindo de graça.

Outro grande amigo meu,

O nome vou declinar,

Mas fria em que se meteu,

Agora eu vou contar,

Numa visita ao Oiteiro,

Ficou foi todo faceiro.

Animou-se com o discurso,

O microfone não largava,

Agarrado que nem urso,

Não queria mais parar,

Falava, falava e falava,

O povo já não agüentava.

No palanque o locutor,

Veio assim por trás dele,

E lhe deu um cutucão,

E ele gritando de dor,

Com o microfone na mão,

Perguntou quem foi aquele;

Que em suas costas bateu?

Era filho de égua e veado,

Quem assim procedeu,

E que ele naquele estado,

Não deixaria de falar,

E que podiam lhe cutucar.

Falou por mais meia hora,

Ninguém mais lhe agüentava,

Todo mundo foi embora;

Mas ele não se importava,

De ninguém ele tinha dó,

Nem via que estava só.

Meu amigo, meu prezado,

Melhor é parar por aqui,

Pra não cometer pecado,

Dizendo do que não vi;

Mas tome todo cuidado,

Pois depois de ter votado;

Não vale se arrepender.

Por isso analise e veja,

O que você vai fazer,

Pois nessa grande peleja,

O melhor se deve escolher,

Com voto não se graceja.

Não queira pagar mico,

Não pense que a urna,

É um enorme penico,

Assim sendo não durma,

De tôca, nem esmoreça.

Vote e não se aborreça.

Pense bem em quem votar,

Vote naquele que tenha,

Vontade de trabalhar.

Vote naquele que venha,

Muitas obras realizar,

E não fique a descansar.

Meu prezado, meu amigo,

Por ai têm bons políticos,

Mas é de fato um artigo;

Difícil de se encontrar.

Sejamos, pois, analíticos,

Pra não se atrapalhar.

Brincar com coisa séria,

É para chamar a atenção,

É a forma que se acha,

Pra denunciar a miséria,

E o verso trás solução,

Mesmo que tenha racha.

A trova tem que surgir,

Na mente do trovador,

Fogosa que nem Mulher,

Que ai tem o seu valor;

Mas se frio a trova sair,

Melhor é calar, por favor.

É gostoso fazer verso,

É dom que Deus me deu,

Por isso mesmo confesso:

Sou cristão não sou ateu,

Sou amigo, sou parceiro,

Com o meu verso inteiro.

Agora eu vou embora,

Desculpem os políticos,

A trova fora de hora;

Mas sejamos analíticos,

Pois em época de eleição,

Aparece muito babão.

Querendo o povo iludir,

Se eleger a qualquer preço,

Nem que tenha de fingir,

Por isso não esmoreço,

Com eles vivo a curtir,

Pois de gozação conheço.

Lúcio Astrê
Enviado por Lúcio Astrê em 15/01/2007
Código do texto: T347697
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