Os efeitos da cachaça... Autor: Damião Metamorfose.

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Passei trinta e cinco anos

Ou mais, enchendo essa taça

Tracei tudo que é tranqueira,

Que só quem bebe é quem traça.

E hoje vou descrever

“Os efeitos da cachaça”

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Este vicio é uma desgraça,

Que chega na adolescência.

Vai minando o organismo,

Roubando a inteligência.

Quem é forte fica fraco

Chegando até a demência!

*

Sempre tive a consciência

Tranquila, quando eu bebia.

Pois nunca fui um alcoólatra

Dos que bebem todo dia.

Nem nunca troquei trabalho

Por farra em má companhia!

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Parava quando eu queria,

Sempre foi o meu bordão

E por ter parado escrevo

Falando da escravidão

Do famoso papudinho,

Cachaceiro ou beberrão...

*

Entre um pedaço de pão

E uma dose de cachaça.

Entre um hotel cinco estrelas

E um reles banco de praça.

Quem bebe escolhe o segundo

E inda pergunta: é de graça?

*

Alcoolismo quando o abraça

Tem cara de inocente.

Mas mata mais que as guerras

Rapidinho ou lentamente.

Não escolhe classe ou sexo

Ou qualquer raça de gente!

*

Quem bebe fria ou quente...

Corre o risco desses danos...

Não demora e os efeitos

Afetam os sonhos e planos!

Quem diz: paro se quiser,

Já adentrou pelos canos!

*

Quem bebe e perde os tutanos

Quando está sob o efeito

Da danada da cachaça

Pra curar só tem um jeito.

Que é não encher o caneco

E se dá por satisfeito!

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Beber não é um defeito...

O problema companheiro.

É aquele que bebe uma

Depois bebe o litro inteiro.

Não para e nem volta ao lar

Nem quando acaba o dinheiro!

*

Roupa suja no banheiro,

Lixo aos montes no quintal.

Fogão com panelas sujas,

Açúcar junto com o sal...

Isso é a casa de quem bebe

Do nascer ao funeral!

*

Quem bebe até passar mal

Dia santo ou feriado.

Trabalhador ou vadio

Ou só um desempregado.

Começa bebendo em pé

E acaba sempre deitado...

*

Tem quem seja acostumado

A beber toda a semana.

Sete dias, sete noites,

Tendo ou não tendo a grana.

-Só vive em pé de balcão,

Mas seu nome é: pé de cana...

*

Quando é um bebum sacana

Implora ao dono do bar.

Pra tomar a saideira

Faz tudo que Ele mandar.

Assim faz um viciado,

Sem ter mais com que pagar

*

Mesmo quem foi exemplar

Muito cedo e sai de casa.

Quando não sai, não se muda,

Não ajuda e só atrasa.

Muitos não chegam aos quarenta

Já entope a cova rasa!

*

Vive arrastando a asa,

Feito urubu com pantim.

Em casa falta de um tudo,

Mas para ele é assim...

Se não faltar a cachaça

Nunca vai ter tempo ruim!

*

Um pedaço de “toicim”

Em um caibro pendurado.

Encima de uma panela

De feijão preto encruado.

Na casa de um cachaceiro

Tudo isso é encontrado!

*

Na cama, um colchão rasgado,

Com inhaca de cachaça...

A geladeira vazia,

Roupa cheirando a fumaça.

Nenhuma moral em casa

E o nome sujo na praça!

*

Parece um avião caça...

Roncando deitado ao chão.

Com o talo cheio de cana,

Com cerveja e alcatrão...

Não ta nem ai pra vida

E que se dane o patrão!

*

Sabe mas jura que não

Sabe o mal que o álcool faz.

Por isso quem bebe pede

Para deixá-lo em paz.

E a sina de um beberrão

É andar sempre pra traz!

*

Do amor sempre desfaz,

Mas tem uma paixão cega

Por um alguém invisível

Que Ele morre, mas nega.

Por isso é que cachaceiro

Só gosta de “musica brega”!

*

Qualquer nome que o renega

Para ele é um elogio.

Fica alegre quando bebe

Igual cadela no cio.

E vive sempre melado

Mais melado que um pavio!

*

Promessa é do seu feitio,

Mas nunca será comprida.

Quem disse: eu não bebo mais

Essa desgraça na vida...

É pena que essa frase...

Rapidinha é esquecida!

*

Tanto faz se a dormida,

É na cama, grama ou lama...

Já não faz mais diferença

Nem a família que o ama.

Para o devoto da pinga

E discípulo da Bhrama!

*

A primeira o bebum chama,

Pra não ficar estressado.

Segunda é pro mal estar,

Terceira é pro resfriado...

-Beber é sempre a desculpa,

Esteja quente ou gelado!

*

Sem beber fica estressado

Quando bebe rir a toa.

Sendo quem paga uma dose

Ele abraça numa boa.

Mas no dia que não bebe

Empaca, treme e enjoa...

*

Parece um barco sem proa

Com a boca faltando um dente.

Dá uns dez passos pra traz

Pra poder dar um pra frente.

Um currículo de safado

Numa cara de inocente!

*

Quem bebe tem sempre em mente

Um motivo pra beber.

Seja em dia ensolarado,

Nublado ou se vai chover.

Depois da primeira dose,

Só Deus sabe o que vai ter!

*

O bebum não quer comer?

Bom café com tapioca...

Prefere pinga da boa,

Tipo: pitu, ypioca...

Ou de fundo de quintal,

Com gosto de cana choca!

*

O bebum quando se toca

Deixa a cachaça, a cerveja...

Se converte e é ungido

Vira crente em uma igreja.

Ou até mesmo um pastor...

Santo Deus que nos proteja!

*

Que caia raio ou troveja

E o bebum vai ao bar.

Enfrenta qualquer o distúrbio

Da terra e vai se fartar.

Do que move a sua vida

Que é beber e godelar!

*

Beberrão vive a apanhar

Da branquinha com limão...

Quando ele não leva uns tapas,

Apanha levando um não.

De quem não vende fiado

Para pinguço enrolão!

*

Quem bebe por diversão

Do jeito que eu bebia.

Consegue escolher o bar,

A bebida, a companhia...

Mas quem não tem mais controle

Nem sabe o que é noite ou dia!

*

D-eixei, Deus salve esse dia

A-gradeço humildemente.

M-ais um Cordel foi escrito

I-mprovisado em repente.

A bebida é o personagem

O vicio que mata gente!

*

Fim.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 01/05/2012
Código do texto: T3643963
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