O VEXAME DO PESCADOR

Foi na Rua do Jangadeiro

No castelo encantado

No Bairro do Mucuripe

Tem o trânsito meio parado

O carro um pelo outro

Passa mas é apertado

Morando um pescador

Que é muito conhecido

Chamado de Constantino

Por ser muito destemido

Por todos de Coronel

Lhe deram este apelido

Como sempre uma perua

Mutio feliz possuía

Essa estava no prego

Às nove horas do dia

Estava de frente a casa

Só se empurrasse saía

No momento foi passando

Um carro da viatura

Tinha a passagem estreita

Quase não tinha largura

O chefe entusiasmado

Deu um sinal de bravura

‘‘O motorista deste carro

Quem é que não vem tirar?

Está empatando o trânsito

Venha já desocupar

Tirar do meio da Rua

Botar em outro lugar.’’

Não ouvindo o pescador

A voz brava continua

Nisso o vizinho chamou

‘‘Coronel tua perua

A polícia está mandando

Tirar do meio da rua.’’

Quando chamou coronel

De repente aí mudou

O fogo estava queimando

Nesse momento apagou

Aquela forte bravura

Em carinho transformou

É forte uma autoridade

Quando cumpre o seu dever

Dando o direito a quem tem

Que tem erro faz sofrer

Mas sempre tem um desvio

Por alguém que tem poder

O chefe da viatura

Disse: ‘‘Não! Pode deixar

É o carro do coronel

Está no devido lugar

Aqui nós damos um jeito

De lado vamos passar’’

Se soubessem que era só

Chamado de coronel

Um pescador que não tinha

De formatura um anel

Era sujeito a sofrer

Um constrangimento cruel.

Cícero Modesto Gomes
Enviado por Cícero Modesto Gomes em 07/05/2012
Reeditado em 15/06/2012
Código do texto: T3654098