15 - A NOITE EM CLARO NA ESCURIDÃO (Dez anos numa montanha)
01 A cobra sumiu do filme
Das lembranças projetadas
Entretanto o menino.
Da tal montanha encantada
Continuava a mostrar
A minha vida passada!
02 Depois de passar o valo
Onde a cobra morava
Me vi seguindo avante
Na vida que eu levava
Como sempre, sem destino
Sem saber onde parava!
03 Na sequência do momento
Vi quando a noite desceu
Uma escuridão total
Todo o céu enegreceu
Nem mesmo a bola da Lua
Com seu brilho apareceu
04 No filme eu continuava
Andando na escuridão,
Sem saber pra onde ir
Pois não havia clarão
Na própria tela da vida
Havia tal projeção
05 No entanto eu percebia
Que a frente havia um rio
Assim andei com cuidado
Tendo um certo calafrio
Talvez fosse o medo
Me trazendo arrepio.
06 Ao me aproximar do rio
Eu fui ouvindo um ruído
Como se uma cachoeira
Fizesse o som surgido
Parei na escuridão
Pra fazer melhor sentido
07 Realmente eu percebi
Tratar-se d’água a descer
Resolvi então ficar
Na espera do amanhecer
Por certo a escuridão
Iria desaparecer.
08 Passei a noite em claro
Pois não consegui dormir
O arrulho da cachoeira
Era bom de se ouvir
Dentro da noite escura
Me fazia refletir
09 Ao amanhecer do dia
Quando a luz se fez surgir
Eu vi a coisa mais linda
Que só de Deus podia vir
Um rio de águas cristalinas
Despencando ao luzir!
10 Olhando ao meu redor
Vi toda a natureza
Uma relva verdejante
Fazia grande beleza
Algumas árvores frondosas
Completava a riqueza!
11 Mas a visão de um pobre
É composto de impropério
Além do rio pude ver
A imagem de um necrotério
E o enterro de minha amada
Numa cova do cemitério
12 Me lembrei, naquela cena
Que o passado projetou
O sepultamento da jovem
Que o destino me tomou
Para habitar no céu
Pra onde penso que vou!